A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa de juros Selic para 2,25% ao ano tem efeitos importantes sobre os negócios e sobre o dinheiro das pessoas. Vou me ater, aqui, a falar dos grupos que vão se beneficiar com mais esta queda da Selic e do ciclo de baixa.
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Os devedores
A correlação mais simples e imediata a ser feita é com todos aqueles que têm dívidas a pagar. Como os juros dessas dívidas estão atreladas à taxa básica mais o grau de risco que o cliente oferece ao banco, é natural que o oitavo recuo da Selic permita alguma negociação entre as partes para uma redefinição dos juros cobrados no financiamento.
A redução de juros na taxa implica que haja menor atratividade para a rentabilidade das aplicações em renda fixa. Daí, se o investidor quiser ganhar alguma coisa a mais, deverá procurar alternativas. Uma delas é colocar seu dinheiro em ações de companhias abertas, listadas na B3.. Ao menos, essa é a tendência de médio e longo prazo: um fluxo de investidores maior com suas carteiras em ativos na Bolsa, com expectativa de retornos maiores em um mercado naturalmente de muito mais risco.
O mercado imobiliário
O setor imobiliário está festejando o anúncio da Selic a 2,25% porque há uma relação forte entre a taxa de juros e a busca por imóveis. è bem provável que vai haver um aumento na demanda por imóveis já que o custo dos negócios financiados deverá cair também. Claro que falamos em negócios de longo prazo, com prestações de 20, 25 30 anos. Um ótimo
Renda fixa: onde investir
É claro que já não é mais hora de colocar a quase totalidade dos investimentos em papéis de renda fixa, se quiser ganhar algum troco razoável no médio prazo. No entanto, não se deve descartar recursos em aplicações conservadoras – sempre uma forma de prudência com o dinheiro.
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Como sempre, cautela e caldo de galinha nunca fazem mal a ninguém. Segundo Camilla Dolle, coordenadora de análise de renda fixa da XP, o são três mercados principais para ficar de olho:
Tesouro Direto, com o menor risco do mercado; emissões bancárias, como CDBs, LCIs e LCAs, de risco intermediário e que podem ter a sólida proteção do FGC ; e mercado de crédito privado, que oferece um risco maior e, portanto, tem rentabilidades mais atrativas atualmente.
Dentro desse universo, Dolle afirma que o mercado de crédito privado para quem busca prioritariamente retornos mais altos, em época de juros baixos, é o mais indicado. CRIs, CRAs e debêntures são os principais ativos desse grupo e há empresas ofertando esses investimentos com risco de crédito muito baixo, as chamadas triplo A. Isso significa que são companhias consideradas boas pagadoras e que não têm um grau elevado de possibilidade de calote.
Portanto, é possível encontrar risco e boa rentabilidade mesmo em um mercado mais conservador e mesmo neste período de crise que vivemos.
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E para a reserva de emergência?
A coordenadora de análise de Renda Fixa da XP, afirma, ainda, que para a reserva de emergência, o Tesouro Selic ainda é a primeira opção. Sua recomendação se baseia em dois pilares, deixando mais de lado a rentabilidade para este objetivo, afinal nenhum outro ativo no mercado tem a combinação de baixo risco e ótima liquidez, fatores essenciais para a reserva. E a poupança? A poupança rende 1,58% ao ano. Como a caderneta funciona como uma porcentagem da taxa Selic, neste caso a recomendação para um investimento de porta de entrada é o Tesouro Selic, que rende 100% da taxa básica, ou seja, acima dos 70% da poupança