A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina lançou o programa Travessia, um conjunto de propostas e de ações que permitam a retomada da economia no pós-pandemia do novo Coronavírus.

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O programa está ancorado em quatro pontos fundamentais. 1. a reinvenção da indústria e da economia; 2. investimentos em infraestrutura; 3. atração de capital e investimentos para o Estado; 4. criação de um pacto institucional entre a iniciativa privada e os Poderes.

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A coluna conversou com o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar e com o diretor de Inovação da federação, José Eduardo Fiates, idealizador do Travessia. A seguir, o resumo.

O que vai mudar depois da pandemia?

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Mário Cezar de Aguiar – A pandemia provocará mudanças de hábitos das pessoas e a indústria terá de se adaptar a este novo momento. Por exemplo: os processos de digitalização foram antecipados em todo o mundo; e o home office também. São situações irreversíveis; vieram para ficar.

Haverá mudanças nas relações de trabalho em outras instâncias?

Aguiar – A terceirização de atividades dos serviços passa a ser algo mais natural a nível global. Haverá a internacionalização dos contratos de prestação de serviços; as tecnologias de comunicação permitirão isso.

O que significa propor um pacto institucional?

Aguiar – Precisamos ter um pacto institucional favorável aos negócios, com integração entre todos os agentes: os .gov.; os .com; os .org.

Governos, iniciativa privada e organizações sociais e academia juntos. Isto é fundamental para o país ser mais competitivo. Queremos um Estado menor, mais ágil, menos burocrático e com legislação simplificada.

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Em relação à infraestrutura?

Aguiar – O nosso custo de logística é alto; acima da média mundial. Precisamos cuidar, também, da infraestrutura em comunicações e em transporte. Especialmente porque os negócios se darão cada vez mais virtualmente. Noutra frente é essencial aumentar a disponibilidade de crédito. A economia global é baseada no crédito, desde que sejam criados mecanismos de segurança para que o investidor seja adequadamente remunerado.

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O diretor de Inovação da Fiesc, José Eduardo Fiates
O diretor de Inovação da Fiesc, José Eduardo Fiates (Foto: Marcos Campos, Divulgação)

Por que razão os empresários vão fazer investimentos em tempos de incertezas?

José Eduardo Fiates – A redução das taxas de juros já não atrai mas os investidores para as aplicações em bancos. As alternativas de investimentos diminuíram. Há grande disponibilidade de capital, em todo o mundo, em busca de boas oportunidades. Há liquidez grande no mercado. E o empreendedor catarinense já provou, historicamente, que sabe superar dificuldades, tragédias.

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Onde estão as oportunidades de negócios? Quais segmentos vão se fortalecer?

Fiates – Há espaços para investimentos em negócios focados em economia sustentável, se os governos e o Legislativo conseguirem construir ambiente de negócios favorável.

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A travessia é possível.

Fiates – A ideia é usar o tempo da pandemia para projetar o próximo passo. Diferentemente da crise de 2008, o mercado, agora, tem problemas de produção; mas tem dinheiro sobrando. Quando for superada a fase crítica – essa que estamos vivendo – as empresas que já estiverem na terceira marcha vão engatar a quinta com facilidade; sairão na frente.

Em quais áreas estarão os bons negócios promissores?

Fiates –  Vou citar alguns ramos.

1. Na alimentação. A alimentação tende a aumentar sua fatia do bolo dos negócios. Virão produtos com vitamínicos especiais para auxiliar a imunidade das pessoas. É um exemplo.

2. Na área da saúde, evidentemente, vão surgir oportunidades porque as pessoas estarão mais atentas a isso.  

3. Na área imobiliária as casas, os apartamentos terão de prever espaços para escritórios arejados, já que o home office vai ser mais demandado.

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4. No planejamento urbano os bairros deverão ser melhor pensados, com projetos voltados a uma vida comunitária saudável. 

5. Até no setor têxtil e de confecção, com itens e prestação de serviços destinados à lavagem rápida e esterilização; 

6. Também itens para limpeza de ambientes serão mais valorizados 

7.- Os carros terão energia mais limpa; os aviões sistema de refrigeração mais adequados à preservação da saúde dos viajantes. 

8. O homecare, aquele atendimento especializado de cuidadores de doentes em suas residências, ganhará importância.


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