O advogado e presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), João Martinelli, falou ao jornal A Notícia sobre as perspectivas deste ano na política e na economia do município, influenciadas, principalmente, pelas mudanças de gestão nos governos estadual e federal.
A expectativa é de um 2019 melhor que 2018 na área econômica, mas "tudo vai depender dos primeiros 90 dias de governo", acredita.
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Liderança da entidade, considerada uma das mais representativas de Joinville (a Acij é dividida em 25 núcleos setoriais e contava com 1.760 associados até o dia 21 de dezembro (período em que iniciou o recesso de 2018 para 2019), Martinelli é crítico da falta de representatividade da mais rica das cidades catarinenses no primeiro escalão do novo governo de Santa Catarina. No entanto, espera que ações consideradas prioritárias sejam atendidas devido ao despejo de votos que os eleitores da cidade deram ao novo governador, Carlos Moisés: 75,96% dos votos válidos no segundo turno.
Quanto aos rumos da Acij, o ano reserva mudanças com a modernização da estrutura atual do prédio instalado na avenida Aluísio Pires Condeixa, no bairro Saguaçu. Em julho, deve haver a aprovação do projeto de ampliação do empreendimento, que promete dobrar a estrutura existente, hoje de 3,3 mil metros quadrados.
Balanço de 2018
“A Acij, historicamente, atua pelo interesse da comunidade e não propriamente de uma categoria. Então, no nosso entender, este foi um ano político. Foi um ano difícil e, além disso, não tivemos eleita a bancada que esperávamos na Alesc e na Câmara Federal para 2019, mesmo estimulando o voto em candidatos joinvilenses, independentemente da legenda, com o movimento Vote Certo, Vote por Joinville. Faltou garantir essa representatividade, tanto que hoje, propriamente, Joinville está fora do governo do Estado. Em contrapartida, enquanto organização, mantivemos e pretendemos manter os treinamentos e investindo em formações. No fechamento do ano, a Acij contabilizou 88 cursos e palestras, e 2,3 mil pessoas capacitadas”.
Expectativas para 2019
“Analisando o viés econômico, Joinville foi a cidade que melhor se saiu em Santa Catarina, a que mais gerou empregos em 2018, mas ainda está longe do patamar anterior à crise. Passamos por uma fase instável, de pleito eleitoral, e agora de mudança no governo estadual e na Presidência. Então, essa continuidade e a perspectiva de melhora econômica vão depender dos primeiros 90 dias de governo. Se as decisões forem na direção de estimular o empreendedorismo e a geração de empregos, Joinville terá um ano muito bom. A expectativa é boa, mas depende das ações e decisões do governo, este que infelizmente ainda se intromete demais no dia a dia empresarial. É preciso dar liberdade e competitividade tanto para o empresário quanto para o cidadão, desburocratizar os processos e reduzir a carga tributária. A equação é simples: se não houver facilitador da vida de quem emprega, este será mais um ano caminhando na horizontal. Ao mesmo tempo, a Acij quer ampliar sua capacidade física e dar mais estrutura para o empresário e o empreendedor, para que estes não desanimem antes mesmo de começar o seu negócio”.
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Bandeiras prioritárias
“Nossas bandeiras continuam sendo em defesa das demandas que a comunidade pede, e a mobilidade é o grande clamor da sociedade joinvilense. Vamos continuar lutando pelo novo acesso a Joinville pela Ottokar Doerffel e pela duplicação da Hans Dieter Schmidt e da avenida Edgar Nelson Meister, esta uma obra vital, porque a maioria dos trabalhadores trafega diariamente no Eixo Industrial. A Dona Francisca também precisa de uma resolução”.
Representatividade
Das três pastas mais cobiçadas por Joinville, nenhum nome da cidade foi escolhido para liderar alguma delas (Infraestrutura, Desenvolvimento e Fazenda). Com isso, a Acij deve refletir seu posicionamento com relação à composição do governo sem esse nome e como vai buscar costurar laços com a nova administração estadual. “A Acij espera que o governador eleito, Carlos Moisés, pela votação expressiva que teve em Joinville, que em número de eleitores acredito ter tido a sua maior votação, se por algum motivo não pôde prestigiar a cidade com nomes no primeiro escalão, que prestigie por meio de suas ações de governo. Com a falta de representação fica muito difícil de Joinville ter a quem levar seus pleitos. É no mínimo desproporcional que quase 50% do PIB de Santa Catarina não estejam representados no governo estadual. Citando alguns exemplos, temos Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul, Brusque e São Francisco do Sul”, sentencia Martinelli.