O prefeito Udo Döhler vai se reunir com a sua equipe técnica nesta terça-feira (21), para decidir o que fazer para ajudar as duas empresas de transporte público de ônibus que atuam em Joinville, novamente impedidas de colocar os veículos nas ruas por decisão do governador Carlos Moisés, via decreto, assinado na sexta-feira, dia 17.
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Em entrevista à coluna, o prefeito também volta a criticar a falta de diálogo do governo do Estado para com a cidade.
O senhor tem evitado promover o lockdown, e tem optado por ações pontuais no combate ao novo Coronavírus.
Udo Dohler – Sim, optamos em fazer assim, com decisões no dia-a-dia. Desde fevereiro há um comitê operacional criado para a tomada de decisões e todas as decisões observam o que é emanado do poder público. Esse trabalho do comitê permitiu a construção de estatísticas mais precisas sobre o que acontece.
O senhor vai conceder subsídios às empresas de ônibus (Gidion e Transtusa), agora que elas não podem operar de novo?
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Udo – Não, como é que eu vou dar subsídio se as empresas estão paradas. Sei que elas precisam de ajuda. Imaginou como seria se deixassem de operar o sistema de ônibus na cidade?
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O governador Carlos Moisés emitiu decreto, na sexta-feira passada, e desde esta segunda-feira, os ônibus urbanos e intermunicipais estão proibidos de circular por 14 dias.
Udo – O governador não nos procurou, soubemos disso na sexta-feira de noite! Curioso, que há cinco dias, o governador disse para os municípios se resolverem sozinhos. Não entendemos porque fez esse decreto, sem ouvir ninguém. Não discuto o mérito do decreto. Simplesmente incluiu Joinville na lista de municípios em “estado gravíssimo”. O governo não nos atende; não há diálogo.
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Joinville está sendo discriminada?
Udo – Não, este comportamento do governador é para com todos. Joinville não está sendo discriminada. Há dois meses se espera pela ativação de 20 leitos no hospital regional Hans Dieter Schmidt! E o secretário de Saúde do Estado não fala com a gente; não vem a Joinville!
Essa inclusão de Joinville na lista dos municípios em situação gravíssima é coisa séria. isso é sério.
Udo – Quando você fala para alguém que ele está em estado “gravíssimo”, as pessoas entendem que vai morrer, que está perto de morrer. Aqui não é assim. A Amunesc fez reunião na sexta-feira — eu presido a Amunesc — e decidimos adotar medidas regionalizadas para os nove municípios que compõem a associação. Vamos fazer a gestão dos leitos para Covid-19 de forma integrada, um ajudando os outros. Sabemos da necessidade de ampliar a testagem e iremos fazer campanha de conscientização com a população.
Já morreram 88 joinvilenses desde o começo da pandemia.
Udo – Há dois meses, foi feita uma projeção matemática de que poderia haver 133 mortes em Joinville durante a pandemia do Coronavírus. Até hoje temos 88 mortos. Estamos em pleno inverno, estamos com 80% dos leitos de UTI ocupados. E temos 186 leitos de enfermaria.
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Essa situação não exigiria a decretação de lockdown?
Udo – Não… Já há um lockdown “branco” nos fins de semana. Com bares e restaurantes fechando de tarde. E desde hoje (segunda-feira) estamos sem ônibus. Como é que as pessoas vão trabalhar? Como vão ao médico, à farmácia? A pé?
A população de Joinville não está contribuindo?
Udo – Está sim, a nossa população está agindo de modo muito correto no enfrentamento da pandemia.
Quais deverão ser os desdobramentos da situação?
Udo – Difícil vislumbrar desdobramentos. Temos de olhar a cada dia; tomar decisões a cada dia – mais ou menos flexíveis, de acordo com o cenário do momento.
Qual é o efeito da crise, com redução de receitas, para os cofres municipais?
Udo – A situação está “sob controle”. O suporte da União, de R$ 72 milhões, foi importante. Também dilatamos o prazo de recolhimento da cota patronal para o Ipreville, da ordem de R$ 130 milhões. E isso em nada afeta o fundo de pensão dos servidores municipais; isto nos dá a tranquilidade para passar o ano atendendo o pagamento dos salários e as obras contratadas.
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