O Observatório Social de Joinville, ativo há mais de três anos, monitora as ações do Poder Público municipal. Em especial, acompanha as licitações e o andamento de obras de infraestrutura. Ações de cidadania são raras – e feitas voluntariamente, ainda mais incomuns. Daí, este esforço da organização não governamental merece atenção.
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Nesta entrevista, o dirigente do organismo, Alexsandro Schu fala das dificuldades e prioridades de ação.
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Leia a entrevista completa:
Qual é o trabalho do Observatório Social de Joinville? O que ele faz?
Alexsandro – Nós, do Observatório, acompanhamos e fiscalizamos as ações de órgãos públicos. Por exemplo, acompanhamos bem de perto as obras na rua Blumenau, agora já com 97% dos serviços concluídos. Também olhamos para os trabalhos na rua Prudente de Moraes e na Albano Schmidt. Nós fazemos recomendações à prefeitura e à Câmara de Vereadores, quando julgamos adequado. Em três anos visitamos todas as regionais da prefeitura, as subprefeituras para conhecer como agem também nos bairros.
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O Observatório também verifica a origem e aplicação de recursos?
Alexsandro – Exatamente. Estamos levantando quais valores o governo do Estado está distribuindo para cada município. Relatório detalhado deverá ficar pronto em duas semanas.
Vocês entendem que a destinação de recursos é adequada?
Alexsandro – Nós não entramos no mérito das decisões de alocação do dinheiro. Isso é da competência do Executivo. Nós verificamos origem e destinação dos recursos.
A grande polêmica em Joinville, nos últimos anos, foram as obras de macrodrenagem do rio Mathias. O Observatório verificou isso também?
Alexsandro – Não. Porque as obras já tinham começado bem antes de se criar o Observatório. De todo modo, estamos cumprindo nosso papel de acordo com as possibilidades. O grande problema é que temos poucos voluntários. E também não alardeamos o trabalho na mídia. Não desejamos ter posição política.
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(As obras do rio Mathias começaram em 2014, e ainda não terminaram. Sucessivos problemas técnicos e jurídicos com as empreiteiras foi adiando a execução dos serviços, até que neste ano a prefeitura de Joinvlile rompeu o contrato, e a finalização dos serviços, na região central da cidade, dependerá de nova licitação).
Na opinião do Observatório, o governo do Estado atua bem em Joinville?
Alexsandro – Pelo que vemos, sentimos ausência do Estado em Joinville. Queremos que o município seja melhor atendido.
Qual é a estrutura para o Observatório funcionar?
Alexsandro – Nós trabalhamos à base do voluntariado. Somos voluntários – contadores, advogados, engenheiros, administradores, que entendem ser necessário ter um olhar atento ao que acontece no Poder Público. Atualmente nosso grupo é composto por 25 pessoas.
Qual é a orientação política do Observatório?
Alexsandro – Ah, não. Um dos princípios para que as pessoas se engajarem no trabalho é que não tenham filiação partidária. Não temos partido. Atuamos, como cidadãos interessados em melhorar a cidade., em viabilizar mais qualidade de vida.
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Para o trabalho ser viável, ter algum efeito prático, é necessário ter dinheiro, orçamento.
Alexsandro – Sim, e este é um problema. Recebemos dinheiro de empresários, eles continuam contribuindo, apesar da crise. Um outro patrocinador deixou de contribuir, mas compreendemos que cada um tem suas prioridades.
Em novembro haverá eleições para prefeito e vereadores.
Alxsandro – Estamos nos mexendo e queremos ser agente apto a qualificar o processo eleitoral. Queremos contribuir para que os eleitores possam escolher bem seus candidatos.
A crise do novo coronavírus atrapalhou as ações de vocês neste ano?
Alexsandro – Sem dúvida. Temos um projeto de educação fiscal, que iria rodar agora, mas ficará para 2021. É o Observatório mirim, numa parceria com o Instituto Miguel Abuhab. É a aplicação da teoria das restrições na educação de crianças para a formação mais crítica de cidadãos. O objetivo é capacitar pessoas a serem mais conscientes e transformnadoras.
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