A Nidec Corp, do Japão, não adquiriu apenas as fábricas da Embraco, e nem só a sua força de trabalho ou seus equipamentos. O grupo japonês comprou, fundamentalmente, dois ativos: a tecnologia e os clientes que a Embraco tem pelo mundo. 

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O tamanho do negócio – de US$ 1,08 bilhão –  nem soa tão fantástico para alguns profissionais da área de fusões e aquisições com os quais a coluna conversou desde o início da manhã desta terça-feira, quando noticiou, em primeira mão, a transação.

 

Confira: Whirlpool vende Embraco por 1,08 bilhão de dólares

Compra da Embraco ocorre por empresa de Joinville ser líder global em tecnologia

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Apenas para se ter uma noção de grandeza – sem nenhum parâmetro de comparação por serem investimentos díspares, e de setores bem distintos:

o Porto Brasil Sul – que projeta sete terminais portuários em São Francisco do Sul – anunciou que pretende investir exatamente 1 bilhão de dólares nesse negócio de infraestrutura. A General Motors está investindo pouco mais da metade disso na fábrica de motores na região Sul, em Joinville.

Um pouco de história ajuda a compreender o cenário atual. Há quatro anos, se especulava com muita força, sobre possível fechamento da fábrica da Embraco, em Joinville. O boato coincidia com o início de um período duro para os negócios da linha branca – para a qual a produção da Embraco se destina prioritariamente. O disse-me-disse durou alguns meses, ganhou intensidade, e até mesmo foi assunto em rodas de conversas de gente influente no meio empresarial. À época, corria solta a boataria e o rádio peão insuflava. 

Naquele momento, o boato (e a sua extensão) ocorreram por conta de razões nada subjetivas. Principalmente porque houve alguma perda de market share e alterações no modelo gerencial em todo o grupo Whirlpool, com reflexos em suas unidades joinvilenses. Havia temor da perda de milhares de empregos, e o fim de uma empresa âncora no imaginário social e na economia local.

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Da mesma maneira como surgiu, o boato desapareceu. Por absoluta inconsistência.

O tempo passou, o tema caiu no esquecimento – como tem de ser. Não fazia sentido. Ou fazia, e só não era o momento de se tornar realidade porque havia, como se sabe agora, etapas a serem vencidas para um outro desfecho?

 

Hora dos ganhos de escala

Chegou 2018 e, em plena era de redes sociais dominando todas as especulações de notícias sobre quaisquer assuntos, o que se mantinha escondido aflorou. 

E Joinville acordou na manhã desta terça-feira, dia 24 de abril de 2018 com a bombástica informação da venda da Embraco para o grupo japonês Nidec Corp. O espanto se explica. É incomum haver negócios no patamar de US$ 1 bilhão, envolvendo empresas que têm unidades em Santa Catarina. 

O valor de companhias de diferentes segmentos têm se multiplicado em razão de ganhos de escala e acertos gerenciais.

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Aliás, ganhos de escala são fundamentais para o êxito de empreendimentos que se desejam perenes. O que isso nos ensina?

Nos ensina que as transações internacionais estão cada vez menos raras. Ao contrário. Os movimentos de fusões e aquisições se espalham, tendem a crescer mais e por todas as latitudes, ramificando-se por variadíssimos setores da economia. 

 

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