O planejamento estratégico é importantíssimo, mas ele só vale até que os problemas apareçam. Este é o principal recado dado por José Rizzo, CEO da Pollux, o entrevistado da semana. Ele também destaca as três características necessárias ao empreendedor: resiliência, paixão e desprendimento. José Rizzo Hahn Filho é fundador e CEO da Pollux, empresa brasileira de tecnologia industrial, e presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII).Formado em engenharia mecânica pela Iowa State University, atua na área de automação industrial há 25 anos. Representa a companhia e o país em diversos fóruns mundiais de tecnologia, como Industrial Internet Consorcium nos EUA e Indústria 4.0, na Alemanha. Rizzo já foi selecionado pela Endeavor e recebeu também o título de Empreendedor do Ano concedido pela Ernst&Young.

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O que caracteriza um líder?

José Rizzo – Liderança é a capacidade de mobilizar as pessoas em torno de uma causa. O líder tem de ter visão inspiradora. O mais importante é estar na busca de objetivos junto com sua equipe. O líder deve ser capaz de enxergar as possibilidades e transmitir isso claramente para seu grupo.

O que o senhor aprendeu ao empreender?

Rizzo – Colocar a necessidade do cliente em primeiro lugar. Ir a fundo no entendimento do cliente e se colocar no lugar dele para gerar projetos de valor que façam sentido. A partir daí, derivar para criação de algo que beneficie as pessoas e as empresas.

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O perfil dos executivos é importante?

Rizzo – Quem tem perfil mais técnico precisa aprender os meandros das áreas comercial e de finanças. Com minha formação em engenharia, percebi isso logo na Pollux.

O que é necessário para um jovem se transformar em empresário de sucesso?

Rizzo – Penso que o empreendedor já nasce com essa característica. E para dar certo é fundamental se apaixonar e dedicar-se ao negócio. O empreendedor tem de se inserir completamente. Mas também se aprende a empreender. Digo, sempre, que são três as características essenciais para um empreendedor ser bem sucedido: resiliência, paixão e desprendimento. O dinheiro será uma consequência. Claro, ele tem de saber que coloca seu patrimônio em jogo a cada decisão que toma o tempo todo.

O que o empresário não deve fazer? o que dará errado?

Rizzo – O empresário não pode ter estratégias equivocadas; às vezes, investe e quebra. Ele tem de ter humildade. Se a primeira ideia não deu certo, tem de mudar. A Pollux fez várias inflexões.

Insistir causa dificuldades à frente?

Rizzo – Ele não deve insistir numa proposta, num projeto que não se sustenta. Também é muito importante cuidar bem do fluxo de caixa. Tem de ter um colchão para enfrentar problemas e períodos instáveis.

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Onde estão as oportunidades?

Rizzo – As oportunidades aparecem a cada momento e de forma continuada. O empresário tem de ter um plano estratégico e fazer a revisão periodicamente. Não dá mais para esperar um ano e, só então, pensar em mexer. Nós, na Pollux, fazemos a revisão a cada três meses. São ajustes trimestrais para que possamos analisar a situação. Os negócios – em especial nas áreas de internet e indústria 4.0. – se modificam rapidamente.

É possível planejar o sucesso?

Rizzo – Deve-se planejar, sim. Mas o planejamento feito vale só até o momento em que começa a dar problema. Por isso, o exercício do planejamento é muito importante. Ele é a preparação para a luta.

O fracasso é parte normal do negócio. A gente não pode ganhar todas. O fracasso permite o crescimento profissional. Aprender com o fracasso, fortalece

Qual foi o teu maior acerto?

Rizzo – Foi ter percebido, há 20 anos, o significado que automação e a robótica teriam em nossas vidas. Hoje estamos no olho do furacão.

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E qual foi o teu maior erro?

Rizzo – Os erros fazem parte do aprendizado. Olhando para trás, foi termos procurado crescer sem estratégia. A Pollux poderia ter crescido mais ainda. A Pollux pode ser uma empresa global com estratégia mais agressiva.

O que o fracasso ensina?

Rizzo – O fracasso é parte normal do negócio. A gente não pode ganhar todas. O fracasso permite o crescimento profissional. Aprender com o fracasso, fortalece.

Quem é teu guru?

Rizzo – Meu pai. Sempre tive apoio total. Ele me dizia: “o mundo é o limite”. Isso me marcou desde a infância. Aprendi, com ele, a tratar todas as pessoas da mesma forma. Independentemente da situação social, cor, sexo ou o que seja.

José Rizzo
José Rizzo (Foto: Divulgação)

A política influi na atividade empresarial?

Rizzo – Influi muito. É pela política que se faz as leis. Estamos num momento que há movimento para uma melhoria da cena política. O combate à corrupção e aos privilégios pode gerar mais crescimento econômico.

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Que papel tem o associativismo para os negócios?

Rizzo – O associativismo é importante porque congrega as pessoas. Participamos da Associação Brasileira da Indústria de Internet e da Abimaq. As conversas ajudam a aprimorar aprendizados.

O que mudou em seu pensamento, e na prática, ao longo dos últimos 20 anos?

Rizzo – Vejo, agora, com mais clareza a importância das pessoas; tenho melhor capacidade de engajar um time de alto desempenho. O empreendedor, para ter sucesso, precisa atrair as melhores pessoas para o projeto desenhado.

Algum livro inspirador?

Rizzo – Tem muitos. Destaco o livro “Invencível”. A autora é Laura Hillenbrand. É a história real de uma pessoa que passou pelas maiores dificuldades, uma obra que fala de superação, de coragem, de sobrevivência, de redenção. Ao ler este livro, reconheço que os nossos problemas são muito pequenos. Ao terminar o livro, pensei “caramba!”.

Este conteúdo faz parte do projeto que marca os 20 anos da coluna econômica do jornalista Claudio Loetz. Até dezembro, 20 empresários vão compartilhar, neste espaço, conhecimentos, informações e visões em formato de grande entrevista.

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