O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, José Manoel Ramos, o Zeca, analisa a situação do comércio, fala de lockdown e critica regras governamentais diferenciadas para os setores econômicos.

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Confira a seguir a entrevista que ele concedeu à coluna.

O comércio é um dos setores mais afetados pelos efeitos da crise do Covid-19. Neste contexto, com o agravamento da situação sanitária, como percebe a possibilidade de um lockdown?

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Lockdown, se for adotado, não digo por 14 dias, mas talvez por cinco dias, deve valer para todos os segmentos e portes de empresas. Aí fecha tudo: indústria, comércio, bares e restaurantes, construção civil etc. Aí começo a acreditar que é um lockdown. O que acontece hoje é que o governo do Estado, pressionado pelo Ministério Público, e para tomar uma decisão frente à pandemia e o colapso da saúde, deu um canetaço em cima dos mais fracos.

Quem são eles?

Quem são os mais fracos? São a maioria de pequenas e médias empresas, que são obrigadas a fechar suas portas e observar, em seu entorno, as gigantes do varejo trabalhando. Isso é muito ruim para a economia. Se o supermercado abre por ser essencial, é lógico que ele poderia abrir para vender somente o essencial. Mas eles vendem itens que o comércio em geral está impossibilitado de vender porque tem de fechar as portas.

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presidente da CDL de Joinville
José Manoel Ramos, o Zeca, é presidente da CDL de Joinville (Foto: Divulgação)

Percebo o senhor chateado.

A minha revolta, a minha indignação vai nessa linha. Se é preciso fazer um lockdown, então que seja um verdadeiro lockdown, e não um meio lockdown. A indústria continua trabalhando, inclusive nos turnos de sábado, nos turnos de domingo. Os trabalhadores vão de ônibus, de vans, de carro; essa história de que a indústria tem protocolo rígido, o comércio também tem. Em qualquer boteco você vê orientações para o cumprimento de distanciamento social e para o uso de máscara e álcool gel.

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O governo estadual abandonou o comércio?

O governador não atendeu nosso pedido, e os nossos ofícios deram pouca ressonância na Assembleia Legislativa. Temos essa visão: se for para abrir, os estabelecimentos essenciais devem abrir somente para vender alimentação. Na minha opinião, nem deveriam vender bebida alcoólica.

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Já faz um tempo, as pessoas não aguentam mais ficar em casa. Isso agrava a situação da pandemia.

O que acontece hoje é que grande parte das pessoas moram em apartamentos pequenos, minúsculos. Não aguentam ficar mais do que um dia em casa; saem para a rua. Aí vão para os hipermercados, por exemplo, como se viu recentemente. 

Financeiramente, o varejo está num momento delicado…

O pequeno comércio está passando por momentos difíceis, justamente agora que começam a vencer as primeiras parcelas do Pronampe. Não sou contra o fechamento. Sou a favor do fechamento, mas é fechamento total. Aí aparece a indústria e diz que é essencial. Enfim, todo o mundo é essencial. Lockdown é lockdown geral. Aí vamos eliminar de vez a questão da transmissão da doença.

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