Atuando no time de “black belts” da Microsoft para a América Latina, Alexandre Vasques cumpre uma missão profissional que não é pequena: ajudar os inúmeros clientes e parceiros da companhia a modernizar processos por meio de tecnologias inovadoras e disruptivas de serviços cognitivos, Internet das Coisas e Indústria 4.0.
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Vasques veio a Joinville para abrir a 6ª ExpoInovação, terça-feira à noite, e explanar como esses conceitos podem ser aplicados na indústria, trazendo maior controle e informação. O profissional, com 30 anos de carreira na área de Tecnologia da Informação, reiterou em sua palestra que não é só uma tecnologia em particular que vai transformar o mundo, mas a convergência de várias. “E isso pode vir de uma grande empresa, mas também de uma garagem. Fechar-se às garagens é fechar-se a uma Microsoft no futuro.”
Na entrevista, ele fala sobre o desafio da inovação na indústria brasileira.
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Processo contínuo
O grande problema, para levar inovação à indústria, é o status quo: a empresa que se acomoda naquela posição. Especialmente nos últimos dois anos, vivemos um momento de quebra na economia e todos precisam ganhar eficiência. O problema é a inexperiência com a inovação: não dá para tomar uma pílula e inovar; é um processo para o resto da vida. Veja a Microsoft, por exemplo, que quase quebrou duas, três vezes, e hoje tem um processo perene de inovação, nunca fica tranquila com o software que produz, mas inova, inova, inova. É o que a indústria tem que começar a perseguir. Inovar não é só colocar um robô na fábrica. Tem que pensar no que fazer que seja melhor para o cliente, para o consumidor. O que vai muito além de automatizar um processo. É atender ao consumidor, que quer carros e bicicletas customizados do seu próprio jeito, nas cores, no painel, no quanto vai gastar, no impacto ambiental etc. E isso, para uma indústria quadrada, não se encaixa. Precisa ser flexível. A indústria tem que estar com o pé e o ouvido nesse novo consumidor.
Mais com menos
O viés do momento atual é de otimizar recursos e ter máquinas eficientes. Fazer mais com menos. E aí o processo de inovação é necessário. Brincamos dizendo que o Brasil é “mato alto”: a máquina “fala”, traz vários dados, e o empresário não escuta. Os equipamentos geram informações jogadas fora. É vital trabalhar para que se tenha o melhor resultado operacional daquele equipamento, que pare menos e gere menos problema de qualidade. E isso afeta custos. Se tem um equipamento que gera menos problema de qualidade, que consome menos energia, faz mais num turno, você se torna mais eficiente.
Os extremos
Na indústria atual, todos estão procurando pela inovação. No passado, o setor de mineração, em toda a cadeia, desde a siderurgia, que passou por uma enorme crise, e todo o mercado do aço, foram avessos a qualquer investimento em inovação, até há uns quatro anos. O momento é outro e as empresas inovam porque sabem que o preço do minério vai variar, e elas têm que ser mais efetivas e eficientes. A indústria automotiva inova há longo tempo, acho que é a que está mais próxima da inovação. Já o agronegócio se encontra, também há tempo, em um processo mais lento, mas em boa cadência no caminho da inovação. Desde um esforço para automação de algumas atividades da colheita até, hoje em dia, toda a instrumentação do campo. A gente está entrando em um momento de agricultura de precisão, em que vamos pingar água, em vez de ficar jogando água. Pingar um pesticida em vez de usar um avião para jogar um monte de agrotóxico no meio ambiente. E, para ter precisão, tem que ter dados, coletar um grande montante de dados do campo; vai ser tecnologia pesada de informação, variáveis diversas, vento, temperatura, umidade, utilização de imagens para detecção de pragas na lavoura de forma antecipada.
Futuro
O uso de drones na lavoura tende a crescer. Diria que o drone é o novo trator. Logo, todo agricultor vai ter um drone. É o olho do dono, vai fazer a varredura da propriedade dele de forma muito melhor do que os antigos voos, diariamente. E, com os algoritmos de rede neural, você consegue detectar problemas na lavoura antecipadamente e evitar perdas gigantes. O Brasil é ponta, e vai continuar sendo, nesta área, com ganhos não só pela economia de escala, mas também pela parte ecológica, de sustentabilidade, com menos impacto ao meio ambiente. Inovação é pensar o seu negócio ciclo a ciclo. O agricultor age assim, se terminou o plantio, já pensa no que vai fazer de novo. Sempre pensar no que pode melhorar a cada momento.
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