O movimento nos supermercados catarinenses já não é mais tão grande e, aos poucos, vai se acomodando a uma nova realidade. O que assustou os donos das lojas e, claro, os consumidores, foi o aumento extraordinário de preços, em especial do leite, do feijão entre outros itens de primeira necessidade.
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Nesta entrevista, o presidente da Associação Catarinense de Supermercados, Paulo Cesar Lopes, analisa o mercado e fala dos efeitos do Coronavírus para os negócios.
Os preços dos produtos subiram muito. Os fornecedores exageraram?
Paulo Cesar Lopes – O leite teve aumento abusivo já na semana a passada. Chegou a aumentar 50%, depois passou para 30% em nova remessa. A Acats questionou as indústrias, e nos disseram que houve a estiagem, o aumento dos custos de insumos, e chegou a entressafra. Essa foi a justificativa dada.
A Acats recomenda o que aos lojistas nesse momento?
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Lopes – Orientamos para que os supermercadistas não comprem produtos com preços abusivos.
A percepção é de que já não é mais tão grande a demanda nos supermercados. Isso é correto?
Lopes – Sim, é correto. Comparativamente a duas ou três semanas, há menos gente fazendo compras. Parte da explicação é que as famílias já se preveniram e compraram mais do que o estritamente necessário, como faziam antes.
Isso significa que vai sobrar produtos nas prateleiras?
Lopes – Um ponto é muito importante. Não adianta fazer estoques. Os produtos – todos eles, ou quase todos – têm prazo de validade. Mesmo os produtos de limpeza.
As compras de itens não essenciais caiu drasticamente.
Lopes – Sem dúvida. As pessoas não sabem se terão emprego daqui a um, dois, três meses. Por isso, as pessoas estão comprando só o essencial.
E para as próximas semanas, qual é a expectativa?
Lopes – Esperamos alguma recuperação, algum aquecimento nas vendas. Acredito que as vendas vão melhorar nos próximos dez a 15 dias.
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Daqui a alguns dias, é bem provável que o governo do Estado autorize a reabertura de lojas, do comércio. Vai haver clientes?
Lopes – Não creio. As pessoas não comprar roupas, calçados, mesmo que as lojas abram. Qual é a garantia de que vão ter emprego? A volta da economia está diretamente ligada à evolução do Coronavírus.
Supermercados estão a salvo de uma crise maior, já que vendem mercadorias essenciais?
Lopes – Supermercados não vão fechar, são menos afetados. Aliás, junto com as farmácias, foram os estabelecimentos que ficaram ativos para atender a população.
O setor que tem sorte, digamos assim.
Lopes – Um amigo meu me disse isso, que eu trabalho num ramo que é fundamental para as pessoas. Ok, mas lembro que nós, os supermercadistas, têm margens muito pequenas nas vendas. Ganhamos no volume de vendas.
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Investimentos pararam?
Lopes – Todos vão ter de rever suas estratégias, seus planos. E mudar o planejamento estratégico. As empresas vão esperar e ver como vai se comportar o consumidor. O processo de tomada de decisão mudou. O planejamento é absolutamente crítico. Não dá para errar nesta hora.