Aconteceu exatamente o que os mais lúcidos sabiam que ia acontecer: a liberação antecipada, na prática, do comércio como, ocorre neste sábado, dia 4. A pretexto de apenas poderem vender chocolate de Páscoa, lojas de departamento abriram, e gente saia carregando bem mais do que coelhinhos, para filhos ou pais degustarem o chocolate no domingo de Páscoa. É a força do poder econômico, como mostram os fatos.

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Vender a preço de custo, como anunciado, é a forma de se livrar de estoque grandioso de uma mercadoria supérflua, que só é consumida sazonalmente, e uma única vez por ano.
Com este apelo ao preço baixo, certamente a aglomeração de pessoas será algo impossível de conter.

Sim, isolamento social já é miragem. A abertura do comércio, gradual e segura, pregada pelo governo do Estado, já não é respeitada no primeiro dia, como atesta a ação policial em Porto Belo, que precisou fechar uma loja na cidade.

Dá para imaginar como será a partir da próxima semana, quando mais setores econômicos provavelmente serão liberados pelo governador Carlos Moisés (PSL) para funcionar.  Não temos, como sociedade, a disciplina japonesa, nem o senso de organização e respeito às normas do povo alemão.

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Transgredir regras ou "dar um jeitinho", sempre foi a mais clássica das características do povo brasileiro. Claro que a lógica financeira de uns se soma ao consumismo e à irresponsabilidade de outros, contribuem para uma situação, em que os casos de coronavírus tendem a aumentar.

Quando o governo do Estado mantém campanha na mídia para que a população fique em casa, é ele mesmo que permite a abertura de lojas que de essenciais não tem nada à venda. E o povo vai às compras, como se nada de grave estivesse acontecendo na própria cidade, no Estado, no país e no mundo. 
A contradição é emblemática, e revela muito do que somos como civilização