Guilherme Weege, CEO do grupo Malwee, de Jaraguá do Sul, anuncia investimentos de R$ 100 milhões para o triênio 2019/2021 em entrevista exclusiva dada à coluna. Explica os planos da companhia, como agir para se manter competitivo e analisa o ambiente de negócios.
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A Malwee é uma das mais tradicionais empresas têxteis de Santa Catarina. Como está se preparando para se manter competitiva? Qual é a estratégia?
A Malwee vai aplicar R$ 100 milhões nos próximos três anos. Os recursos serão aplicados em três frentes. R$ 10 milhões em sustentabilidade: reuso da água; tecnologias para reduzir o consumo da água; instalação de placas de energia solar. A meta é chegar na prática, ao conceito de lavanderia 5.0. Outros R$ 25 milhões em maquinário para modernizar o parque fabril e aumentar a produtividade. E R$ 65 milhões em tecnologia e inovação, e no desenvolvimento de negócios via e-commerce. Vamos melhorar processos de gestão, automatizar processos e investir em tecnologia da inovação que facilite a aproximação com o consumidor.
Qual é o tamanho da Malwee, hoje?
Faturamos mais de R$ 1 bilhão por ano, temos 6 mil funcionários. A produção é de 35 milhões de peças por ano em quatro fábricas. Temos 24 mil pontos de venda no país.
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Qual é o papel do mobile para os negócios?
Com o emprego de inteligência artificial, o atendimento ao cliente poderá ser por Whatsapp, e tecnologias que permitirão localizar o consumidor onde quer que ele esteja. O consumidor poderá comprar online e retirar o produto nas lojas. Isso significa que vamos dar atenção maior aos nossos pontos de venda.
O que se pensa para reduzir custos? Concentrar produção?
Não é bem isso. Estamos, sim, transferindo a unidade de Pomerode para Jaraguá do Sul. Isso acontecerá ainda neste ano. Lá há 300 funcionários, de um total de 6 mil em todo o grupo. É um rearranjo de produção.
Como o senhor percebe o mercado?
O consumo não está crescendo. Todos esperam pela reforma da Previdência. Nos três últimos anos estamos crescendo num ritmo menor do que 10%, mas, mesmo assim, mais do que a média do setor.
A Malwee também tem fábrica no Nordeste. O que isso significa para a companhia?
Fizemos investimentos na fábrica do Ceará há quatro anos. O mercado do Nordeste tem potencial para crescer, sim. Mas não estamos despriorizando Santa Catarina.
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Qual é o cuidado com as marcas?
Temos marcas importantes. Isso exige que se mantenham relevantes sempre. Nosso esforço é para que nossas marcas estejam no topo da memória dos consumidores.
O que deseja o consumidor atual?
Ele quer mais do que um produto e preço. Ele quer comodidade. As marcas têm de ter histórias para contar e têm de conversar com o cliente; as marcas têm de ter propósito.
Haverá novas tecnologias em roupas?
A forma de produzir vai mudar. Há estudos para o desenvolvimento de tecnologias capazes de medir o batimento cardíaco das pessoas. Nossas peças infantis têm proteção UV. E já são fabricadas pensando nas necessidades de sustentabilidade e conforto dos clientes. E ainda virão tecnologias que utilizam grafeno – algo ainda muito recente.
E ambiente macroeconômico? A crise continua…
Para vencer a crise é preciso ter disciplina. No caso da Malwee, não abrimos mão da relação completa com o consumidor. Ter qualidade da relação com o consumidor é fundamental. Outra coisa essencial é conter custos, fechar as torneiras.
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Qual foi o desempenho da empresa no ano passado?
Faturamos pouco mais de R$ 1 bilhão. Não divulgamos lucratividade. Ganhamos vários prêmios.
Falou-se, nos últimos 30 dias, que a Malwee estava sendo negociada. A Malwee está à venda?
A Malwee nunca esteve à venda, não está à venda. É uma notícia infundada. Estamos investindo R$ 100 milhões. Então, não faz sentido isso.
O que o senhor enxerga para o Brasil?
Estamos mais torcendo do que enxergando alguma coisa. A cada três meses aparecem situações distintas. A economia precisa crescer; e o poder de compra também. Temos pelo menos 15 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza. Temos 14 milhões de desempregados. Imagina os efeitos disso!
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