A informação publicada ontem, pela coluna, com exclusividade, sob o título “Nasce a Ágora Tech Park”, repercutiu com muita intensidade entre empresários do setor de tecnologia. Bem cedinho, em menos de uma hora, dezenas de participantes de grupo de WhatsApp identificados com atividades focadas em inovação e desenvolvimento de produtos e serviços, se manifestaram. Entre aplausos e comentários elogiosos à iniciativa do Perini Business Park e Prefeitura, uma pergunta se impôs: que tipo de empresas poderão se instalar lá? Só startups ou empresas estabelecidas? Escritório de advocacia especializado em TI pode? Quando serão conhecidas as empresas selecionadas?
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Não foi só: empreendedores vinculados a outro grupo na mesma rede social, onde se debatem ideias e negócios, também se agitaram com a notícia.
Estes dois exemplos retratam com clareza a realidade local: há muita gente só esperando um sinal mais forte, vindo de organizações devidamente credenciadas e com força para liderar esse tipo de causa. O sentimento dominante vai na direção de que, agora, se inicia um novo momento da economia de Joinville.
E que, a partir de 2018, projetos e empreendimentos vocacionados a modificar, no médio prazo, o modelo econômico e produtivo do município podem ter seu espaço e deslanchar.
Variados setores
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Diante de tanta repercussão, a coluna perguntou e o Perini Business Park esclareceu:
— Poderão se candidatar a participar do Ágora Tech Park incubadoras, startups, aceleradoras, empresas de tecnologia (software houses, hardware e buildings); coworkings, laboratórios, centros de pesquisa, falabs, extensões de ensino e pesquisa e quaisquer outras atividades relacionadas à tecnologia e inovação, como escritório de advocacia especializado em TI.
No dia 28, quando do lançamento do concurso para arquitetos, serão conhecidos mais detalhes.
No passado
Joinville já teve seu momento de liderança no setor de tecnologia de informação. Foi nas distantes décadas de 1980 e 90 do século passado, com a Datasul, e, em meados dos anos 2000, com o surgimento da Logocenter. As duas gigantes cresceram, desapareceram e se transformaram em Totvs. Adiante, surgiu a poderosa Neogrid, mas Joinville não desenvolveu a base, sendo rapidamente ultrapassada por Florianópolis no mundo econômico digital catarinense. Agora surge uma nova oportunidade para alavancar o desenvolvimento com um olhar atento para o futuro.
Singapura capacitará professores
Neste ano, o Movimento Santa Catarina pela Educação, liderado pela Fiesc, foca as ações na educação integral e vai promover a capacitação de professores de Joinville por especialistas de Singapura, com foco em metodologias inovadoras para o ensino das ciências e da matemática. Outra prioridade é a certificação Google de escolas do Senai. Jovens e interlocutores do movimento reuniram-se ontem, com o presidente da entidade, Glauco José Côrte, para debater o plano de ação.
— Precisamos de uma sala de aula que promova a abertura ao novo e assegure o desenvolvimento pleno do aluno, afirmou o consultor do grupo, Mozart Ramos.
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“AN” 95 anos
O jornal “A Notícia”, que integra a rede de jornais da NSC Comunicação, está completando 95 anos, sempre focado em informar os fatos relevantes para a comunidade de Joinville e região. Para marcar esta importante data, convidamos empresários e lideranças para o evento Cenário 2018: Perspectivas sobre Economia e Política. Será na segunda-feira, às 18h30min, na Associação Empresarial de Joinville. Eu e os colegas Moacir Pereira, Estela Benetti, Jefferson Saavedra e Rafael Custódio vamos apresentar informações, análises e opiniões ao público.
ENTREVISTA: Paolo Recke, sócio-diretor da Vision Partners
Paolo Recke (foto), sócio-diretor da Vision Partners, de Joinville, analisa e comenta os cenários econômicos. A empresa atua em três frentes: gestão contábil, consultoria em fusões e aquisições e em assessoria de investimentos. Na área de fusões e aquisições, está com três negócios em curso, com duas empresas de Joinville e uma da serra catarinense. São das áreas de turismo/eventos e de alimentos.
Como percebe o atual cenário?
Observamos situação especial da economia, recém-saída de grave recessão. O PIB caiu quase 7,5% em dois anos, após ciclo expansionista de 2010-2014, período no qual o Brasil cresceu 3,3% ao ano, em média. De agora em diante, poderemos ter outro momento positivo.
Que fatores o senhor aponta?
O custo das empresas, sob dois aspectos, aumenta a passos lentos até agora: o aluguel de imóveis reajustado pelo IGP-M está estável, e o salário mínimo, indexado à inflação, mais o crescimento do PIB de dois anos atrás, está sob controle. Além disso, juros baixos, PIB crescente e inflação controlável contribuem positivamente.
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E o cenário externo também ajuda.
O cenário externo está muito favorável. Nunca houve tanto dinheiro disponível no mercado. Mais de US$ 10 trilhões circulam em busca de melhor oportunidade de remuneração. Por exemplo, na Suécia, na Dinamarca, no Japão e em países da zona do Euro os juros estão negativos. Essa circunstância ajuda a canalizar os recursos para países que pagam mais.
E o que preocupa?
Há duas situações que, potencialmente, tendem a afetar a tranquilidade dos negócios. O primeiro ponto é o das eleições presidenciais de outubro. Este é um ponto de atenção e, dependendo do que ocorrer, poderá frustrar expectativas. Até o momento não há nenhuma clareza sobre o que vai acontecer na política. O segundo ponto é sobre o adiamento da votação da reforma da Previdência.
Qual é o maior risco?
É a vitória de candidato que não se comprometa com a política econômica reformista, além de novos rebaixamentos de rating pelas agências de classificação de risco, o que representaria mais dificuldades à recuperação da economia.
E há a questão da Previdência – até o governo jogou a toalha quanto à aprovação da reforma neste ano…
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É verdade. É improvável acontecer a reforma da Previdência. Então, a chance de ajuste fiscal deverá ficar para o novo governo. A preocupação fundamental é de como vai caminhar o ajuste fiscal. Essa é a questão mais relevante.
Em ambiente macroeconômico com tantas variáveis, onde aplicar o dinheiro?
Nas condições dadas, aplicações convencionais em renda fixa perderão relevância. Mas títulos públicos poderão proporcionar mais rentabilidade. A combinação de investimentos em títulos como Tesouro Selic e Tesouro IPCA+ pode ser caminho interessante. O mercado imobiliário ainda não se recuperou. E sofre de um problema: a baixa disponibilidade de crédito.
Apostar em ações é alternativa.
O mercado acionário acaba refletindo a melhora das expectativas. A taxa Selic (taxa básica de juros) está em 6,75% ao ano, ou seja, no menor nível histórico. Logo, juros baixos pressupõem menor custo financeiro para as empresas e também menores rendimentos sobre aplicações convencionais. Esses fatores contribuem para que a aplicação em ações seja uma possibilidade a ser considerada.
Que papéis recomenda?
As recomendações concentram-se em papéis de companhias de aços planos (Usiminas), bancos (Itaú e Banco do Brasil), alimentos (M. Dias Branco), educação (SER Educacional), shopping center (BRMalls), papel e celulose (Fibria), além de Petrobras e B3 (antiga BM&FBovespa). O mercado financeiro brasileiro, na B3, é de aproximadamente 600 mil investidores. O número é semelhante ao de oito anos atrás.
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