“Inovação em Joinville tem de passar pelas universidades”

O consultor e investidor Pompeo Scola é uma das mais relevantes referências do mundo corporativo digital. Ainda com escritório em Joinville, atua em diferentes frentes junto a fundos de investimentos, aceleradoras, startups e empresas em geral nos Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. É membro do conselho consultivo do VET Group, de São Paulo; e dos conselhos da aceleradora Darwin (Florianópolis) e do Inovapark (Joinville). Nesta entrevista, fala da realidade nacional, das possibilidades do mercado catarinense e também avalia como a área de tecnologia da informação pode evoluir em Joinville.

O senhor já atuou na Buscapé, na Neogrid e em outras empresas de ponta. Atualmente, é consultor e investidor. Como enxerga o mercado?

Pompeo Scola – Estamos envolvidos com o que acontece com o mercado de tecnologia de inovação em geral. Acompanhamos mais de perto algumas aceleradoras e alguns fundos. Entre eles, a ACE, de São Paulo; a Darwin, de Florianópolis; e a Spin, de Jaraguá do Sul. E em dois fundos de investimentos.

Mas os fundos analisam muitas oportunidades e escolhem possibilidades em poucos e promissores tipos de negócios. É isso?

Scola – Os fundos de investimentos são mais procurados por empresas tradicionais como veículo para buscar inovação em seus negócios. Para os fundos fazerem 30 aportes, antes falam com centenas de proponentes. As empresas tradicionais acharam uma forma de crescer sem ter, necessariamente, de criar algo supernovo sozinhas. A opção tem sido crescer comprando participação em companhias de tecnologia, que desenvolvem ideias e projetos. Aí, estas empresas tradicionais incorporam conhecimentos.

E também estão comprando startups…

Scola – Sim. Compram startups com o objetivo de ampliar o espectro de atividades.

Como percebe o desenvolvimento da inovação em Santa Catarina?

Scola – Em Santa Catarina, há um movimento bem interessante e bastante consolidado em Florianópolis. Em Jaraguá acontece uma movimentação bacana, muito por causa da aceleradora Spin.

Joinville precisa do que para ter impulso no setor de TI e promover inovação de maneira mais ampla?

Scola – Joinville tem a necessidade de formalizar a criação de uma aceleradora. Neste sentido, a Spin já está procurando local para se instalar aqui em Joinville. E o Certi, de Florianópolis, vai ter unidade dentro do Perini Business Park.

Organizações e entidades empresariais estão auxiliando nessa formatação de cultura inovadora em Joinville e no Estado?

Scola – Posso citar o trabalho do sistema S (Sebrae, Senai, entre outros) com importantes ações de apoio. Notadamente em capacitação.

Financiar ideias e projetos é decisivo para ocorrer o impulso das atividades. O que há de novo nesse campo?

Scola – Nos Estados Unidos, há algum tempo, surgiu a figura dos debt funds para apoiar startups. Significa emissão de debêntures, títulos de companhias, que remuneram com juros os seus titulares. No Brasil, já há fundos de débito na SP Ventures, (São Paulo) no valor de R$ 150 milhões.

O que Joinville precisa fazer para não perder o bonde da história de inovação tecnológica?

Scola – O mercado potencial dos negócios de tecnologia de inovação na região Norte e Vale do Itajaí é estimado em R$ 4 bilhões ao longo dos próximos cinco anos! Quero dizer que este ambiente geoeconômico poderá ter 20 empresas do tamanho da atual Neogrid!

Como isso tudo se viabiliza?

Scola – Isso só vai acontecer se houver um trabalho intenso direcionado para a originação acadêmica. Significa levar para dentro das universidades o entendimento da importância da inovação. Há 14 instituições de ensino superior com as quais é possível fazer um ótimo trabalho. Isso passa por levar mentores com significância nacional para fazer palestras a alunos e professores, em ambientes e salas adequadamente inspiradoras. Joinville tem de criar efetiva originação acadêmica. Este é o ponto principal.

Qual deve ser o papel do setor público?

Scola – O poder público deve ajudar com leis e facilitar a aprovação e formatação de convênios que estimulem e apoiem a originação. O fundo de inovação foi criado há alguns anos, mas não evoluiu.

Que importância tem o Comciti, o conselho representativo do setor?

Scola – A Prefeitura de Joinville tem de trazer pessoas representativas do setor de inovação para pilotar o projeto e promover mentorias. Joinville ainda precisa atualizar as regras de operação do Comciti.

FEBRE AMARELA

PARA SE COMPREENDER COMO O ASSUNTO GANHOU IMPORTÂNCIA NO MEIO CORPORATIVO, A REVISTA EXAME INCLUIU, NA BARRA INICIAL DE SEU SITE, A EXPRESSÃO FEBRE AMARELA. É UMA FORMA DE PERMITIR ACESSO RÁPIDO À LEITURA DE INFORMAÇÕES SOBRE O TEMA. RECOLHO DUAS DE LÁ.

1 – A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE DIZ QUE A FEBRE AMARELA VEIO PARA FICAR.

2 – A UNIÃO EUROPEIA RECOMENDA VACINA CONTRA A DOENÇA AOS TURISTAS QUE VIAJAM PARA PASSAR O CARNAVAL NO BRASIL.

GOVERNO MUDA A RAIS

Com a introdução de novas modalidades de contratação pela nova lei trabalhista (lei 13.467/17), a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2017 terá novos campos que deverão ser preenchidos pelo empregador. Foram incluídos o trabalho por tempo parcial, teletrabalho, trabalho intermitente e desligamento por acordo entre empregador e trabalhador. A Rais é a fonte de informação mais completa sobre empregadores e trabalhadores formais no Brasil. Nela constam dados como número de empresas, municípios de localização, ramo de atividade e quantidade de empregados. Também informa as características dos trabalhadores brasileiros, suas ocupações, salário e tipo de vínculo que mantêm.

O empresário terá dois meses para entregar a declaração, de 23 de janeiro a 23 de março.

SOCIETÁRIA

A Tegma Gestão Logística, que inclusive tem uma unidade em Araquari, no Norte catarinense, promoveu reorganização societária. A família Moreira Franco continua no controle da companhia.

RECICLAGEM

A Coca-Cola Brasil anuncia investimento de R$ 1,6 bilhão em ações para reciclar 100% das embalagens até 2030. Atualmente, recicla 51% do volume.

PURO LUXO

O AUDI R8 SPYDER CHEGA AO MERCADO AO PREÇO DE R$ 1,2 MILHÃO.

Leia mais notícias na coluna de Claudio Loetz