A possibilidade de abertura de processo de impeachment do governador Carlos Moisés cria um ambiente muito negativo para a economia catarinense num momento em que a crise sanitária e a econômica desencadeiam aflições múltiplas resultantes de vendas menores, e consequente forte queda do PIB e aumento do número de desempregados.
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Desde março, a receita do Estado vem caindo, com pico de queda acontecendo em maio; a produção industrial caindo, o total de demissões já ultrapassa os 500 mil trabalhadores, comércios estão fechando as portas.
É neste cenário que se desenha a perspectiva de um processo político de impeachment vir a acontecer na Assembleia Legislativa.
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A iniciativa privada precisa de segurança jurídica e sempre pede, a todos os governantes, independentemente de partidos, que o Estado promova ações que levem à melhora das condições de infraestrutura — fator chave de competitividade para os negócios.
No caso do processo ser aberto no Legislativo, todo o governo vai sangrar por meses, exatamente os mesmos meses nos quais todos deveriam centrar esforços para minimizar os efeitos catastróficos gerados pela pandemia do novo Coronavírus.
O problema maior de um eventual processo de cassação do mandato de Carlos Moisés está na incerteza sobre o futuro imediato. Os empresários e todas as lideranças de municípios precisam ter certeza de que dialogam com legítimo representante do Poder Executivo estadual: ações de interesse conjunto só são possíveis se há confiança e credibilidade recíprocas.
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O grande equívoco de Moisés é ter se enclausurado no gabinete. Esse distanciamento da sociedade e da classe política em geral é o fruto que colhe agora.
Para a economia eventual processo é um grande problema. Durante a sua tramitação quaisquer investimentos de grande porte ficam em stand by. Os investidores esperam por desfecho para saber qual será o interlocutor válido. Eventual processo de impeachment desarranja a economia e coloca os empresários em estado de alerta máximo.
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As posições de entidades empresariais ouvidas pela coluna revelam o estado de ânimo das lideranças diante da iminência de abertura de um processo de impeachment do governador.
Do presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar:
— Se houver esse processo de impeachment será um prejuízo grande para o Estado. Neste momento a concentração de todos deveria estar na busca pela manutenção da saúde das pessoas, e se preparar para retomada da economia. Não entro no mérito da questão, mas essa discussão atrapalha.
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Jonni Zulauf, da Facisc concorda:
— Isso gera uma instabilidade, que tem efeitos ruins para a economia. Trocar, agora, é ruim. Aí a economia dará mais uma ré. Para além da questão de abertura de processo, Moisés não soube conversar com os deputados estaduais; nem com prefeitos. E, salvo alguns secretários, a sua equipe é inexperiente; e nem ele tem vivência política: sequer sabe comunicar aquilo que fez de acertado até agora.
Rosi Dedekind, da Fampesc, emenda:
— É hora de focar na resolução dos problemas derivados da Covid-19. Se trocarmos o comando do Estado não sabemos o que virá; é desviar a atenção do principal e do urgente.