No Hospital da Unimed, em Joinville, todos os 16 leitos dedicados aos casos de coronavírus estão ocupados. No Hospital Geral de Joinville, da Hapvida, há cinco leitos, e um ocupado. No Hospital Dona Helena, só oito dos 19 leitos estão vagos. Essa era a realidade da rede hospitalar privada na maior cidade de Santa Catarina nesta quinta-feira (16). É para estes hospitais que correm os joinvilenses que têm planos de saúde, quer particular, quer corporativos.

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Em todos os hospitais no município a ocupação de leitos de UTI é de 75%; e isso inclui os dos hospitais públicos, com os naturais dramas humanos se sucedendo. Já há 69 mortos na cidade. E mais pessoas estão internadas em UTI e em enfermarias.

Até agora, a Prefeitura de Joinville resiste a decretar novo fechamento de comércios e de outras atividades; e também resiste a aumentar as restrições de locomoção das pessoas de uma maneira mais generalizada.

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Até agora, os negócios ganharam a disputa no bruto jogo de interesses que opõe saúde (ou melhor, muitas vezes a falta dela) com a economia.

A hora é de fechar tudo, mais uma vez? A resposta dos técnicos ainda é: não. Da primeira vez, a ordem veio do governador Carlos Moisés, valendo para todo o Estado. De lá pra cá, ele tem sido complacente; transferiu responsabilidades para os prefeitos. Estes, por sua vez, temem o desgaste político, que atitudes drásticas podem ocasionar na popularidade.

A hora é de fechar tudo, de novo? Não? Então, é possível que Joinville, dada a sua dimensão populacional, repita, daqui a algum tempo, o que acontece em Itajaí, Balneário Camboriú, Florianópolis, Tubarão. Até agora, os apelos de diversas entidades, organizações e partidos políticos a favor da decretação de algo próximo ao lockdown não surtiu efeito.

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O problema de decretar lockdown é que — dizem — se justifica quando se aproxima do limite de ocupação de leitos de UTI. Há mais: além de difícil aplicabilidade, é um problema de natureza política. Não custa lembrar que 2020 é ano de eleições municipais. 

Então, nas cidades onde o atual prefeito será candidato à reeleição, sente-se pressionado a não prejudicar os negócios; e o mesmo ocorre nos municípios onde o prefeito atual tem candidato a apoiar na campanha eleitoral, prestes a começar. A economia precisa sobreviver.

Devemos esperar um olhar mais humano por parte das autoridades? Ora, deixemos isso para enfermeiros, assistentes sociais, médicos intensivistas, plantonistas em postos de saúde…. 

Não há cloroquina que dê jeito. 

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Um pouco da cronologia ajuda a compreender o momento atual. No fim de fevereiro e começo de março havia curiosidade em relação ao que era o Coronovírus, e poucos deram atenção adequada ao tema. Depois caiu a ficha: o assunto passou a ser considerado sério: foi quando as empresas começaram a colocar seus funcionários em home office.

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Adiante, as estatísticas de casos confirmados e de mortes ganharam manchetes e dominaram todos os noticiários. Há pouco mais de um mês, o medo individual tornou-se receio coletivo. Foi quando denúncias de fraudes nas compras de respiradores e ausência de testagem da população deram a tônica dos comentários. E a apreensão da população crescendo, crescendo.

Hoje é raro se encontrar alguém que não tenha conhecido amigo, parente, vizinho ou colega de trabalho que não tenha contraído a Covid-19. A doença se disseminou; os governos — estadual e dos municípios — cada vez mais apavorados, quase inertes, diante do crescimento da Covid-19.

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