A TCP Latam, empresa de investimento e gestão, focada em fusões e aquisições, reestruturações financeira e operacional, renegociação de dívida, gestão interina e captação de recursos no Brasil e na América Latina. Seu diretor de investimentos e economista-chefe, Ricardo Jacomessi, fez um tour por Joinville, Blumenau e Florianópolis nesta semana. Na quinta-feira, em Joinville, concedeu entrevista exclusiva para a coluna. A seguir, os principais trechos do diálogo.
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A Notícia – Como o senhor enxerga o ambiente para os negócios?
Ricardo Jacomessi – Viajo frequentemente pelos diversas regiões do País. E identifico algumas áreas com maior e grande potencial de crescimento. As regiões do Norte e Litoral catarinenses estão nessa lista restrita. Outra região muito promissora fica no Estado de Mato Grosso, onde o PIB cresce 12% ao ano. O Piauí cresceu 8% e Santa Catarina teve expansão de 4% no ano passado.
AN – O que explica o crescimento de Santa Catarina?
Jacomessi – Santa Catarina tem uma economia bem diversificada. O agronegócio é muito forte no Oeste; e também tem sofisticação industrial e qualidade na educação, no Norte, destacada no contexto nacional. Há, ainda o dinamismo do turismo e do segmento de TI e software.
AN – O senhor percorreu diversas empresas nestes últimos dias (quarta e quinta-feiras). O que ouviu dos executivos e líderes?
Jacomessi – Estive em reuniões com 12 empresas. Um tour corrido. Conversei com diretores de estabelecimentos de educação, saúde, turismo, indústria metalmecânica, rede de farmácias. Vi um cenário positivo.
AN – Sim, os empresários estão comemorando melhores resultados. Mesmo assim, o que preocupa?
Jacomessi – Duas são as maiores preocupações, para as quais os empresários catarinenses têm de ficar atentos: o endividamento das companhias e a gestão familiar. Em cinco destas 12 empresas visitadas, encontrei empresas médias e pequenas que ainda não fizeram as lições de casa: devem profissionalizar a gestão.
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AN – Quais são as queixas dos empresários?
Jacomessi – A maior queixa é a falta de crédito ou seu custo muito elevado. Ainda em relação a custos as matérias-primas ficaram mais caras- o ao é exemplo claro. Há, também, a importante questão do custo do frete, com o preço do diesel bem alto. Alguns ainda falam em carga tributária. Mas isso não é assunto para agora.
AN – A TCP tem importante e larga experiência em negócios de fusões e aquisições. Este tipo de operação vai aumentar?
Jacomessi – Vai sim. Temos de olhar para Joinville, Chapecó, Criciúma, e cidades do litoral.
Setorialmente, haverá boas oportunidades nas áreas de saúde, principalmente com clínicas (de oncologia, nefrologia); hospitais e operadoras de planos de saúde. Também poderá haver movimentação com negócios envolvendo escolas de primeiro e segundo graus com mais de mil alunos, e que atendem a classe A.
Igualmente, indústrias metalmecânicas e empreendimentos turísticos, (como hotéis) estão na mira.
AN – Também há negociações em outros segmentos?
Jacomessi – Claro. Nos segmentos de logística (transportadoras) e no automotivo, notadamente com fundições, estamparias. Mas as nossas conversas estão mais avançadas no segmento de turismo, com agências de viagens.
AN – Potenciais compradores vêm de onde?
Jacomessi – No caso de estabelecimentos educacionais, fundos de investimentos e grandes grupos do ramo analisam possibilidades de compra.
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AN – Voltemos para Joinville. Há estudos indicando que a região de Itapoá até Itajaí, tendo Joinville como epicentro, será uma das mais dinâmicas do Brasil nos próximos 30 anos. O senhor concorda?
Jacomessi – Concordo. A região de Joinville será um polo geoeconômico muito forte. Tem empresas de segmentos relevantes: software, metalmecânica, produz ciência e tecnologia e também é importante nos ramos de saúde e educação. Joinville vai, sim, se destacar.
AN – Santa Catarina é o segundo Estado mais competitivo do Brasil, diz a propaganda do governo. Mas, como nem tudo são flores, onde estão os maiores problemas?
Jacomessi – A logística é o grande problema. Há carência de boas rodovias. Isso chama atenção. Se eu tivesse a chance de conversar com o governador, diria que é fundamental construir estradas, fazer a malha rodoviária catarinense nos padrões do que tem a Alemanha. Aí teria condições de atrair mais turistas, permitiria reduzir o preço dos fretes e toda a economia sairia ganhando.
AN – Algum exemplo do que fazer, além de melhorar as rodovias estaduais?
Jacomessi – Grande parte da economia e da população se concentram no espaço que compreende Florianópolis, Balneário Camboriú, Blumenau e Joinville. Será interessante pensar num grande eixão, unindo estas cidades com a construção de corredor de VLT (veículo leve sobre trilhos).