O executivo Guilherme Lima, que recentemente se desligou da diretoria da Whirlpool, retornou a Joinville para ser empreendedor e ser agente provocador do ecossistema de tecnologia e inovação na cidade. Criou a empresa Amoveri, que também tem foco em propagar a importância de as companhias terem seus conselhos de administração. A seguir, o resumo de entrevista feita nesta semana.

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Por que voltou a Joinville? 
Fiquei muito tempo com atribuições profissionais no Grupo Whirlpool, indo e vindo de São Paulo para Joinville – e vice-versa. Estou de volta para fomentar a inovação por aqui e me inserir nos grupos com esta motivação.

 

O senhor montou empesa aqui. Quais são os focos de atuação? 
Criei a Amoveri. São três pilares de atuação: promover a disseminação de trabalho dos conselhos de administração; codesenvolvimento de inovação; e investimento em novos negócios – as startups

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O que quer dizer com codesenvolvimento de inovação?
Explico: para a maioria das empresas, ter área estruturada de pesquisa e desenvolvimento  custa caro. Este custo cresce mais do que a receita. Então, isso não é sustentável no longo prazo. A Amoveri surge para fazer o elo entre empresas, instituições acadêmicas e outras companhias parceiras. Os projetos de P&D não necessariamente têm de ser feitos dentro das empresas.

 

O senhor está investindo em startups joinvilenses?
Faço investimentos olhando mais para os talentos do que propriamente para a tecnologia. 97% das startups “morrem”. Estou investindo em empresa local, sim, e também estou negociando com startup do Vale do Silício e com outra de Israel. 

 

O Brasil é um mercado promissor…
O Brasil é o terceiro maior mercado do setor de beleza do mundo; 85% da população estão em espaços urbanos, e isso ajuda.

 

O senhor está integrado à discussão sobre a nova matriz econômica de Joinville. Como vê o ambiente?
Sim, claro. Joinville está vivendo um novo e bom momento. Participo de grupos que debatem o futuro da cidade: o Wake up – com participação de lideranças empresariais – e  há o do Join.Valle, pilotado pela Secretaria de Planejamento Urbano e de Desenvolvimento Sustentável, por exemplo.

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O empresariado está mais atento à inovação.
Sem dúvida. É a sociedade que deve ter a liderança e o protagonismo de “pensar” o futuro. Isso não deve ser papel do poder público, mas deve estar junto nisso. Inovação não pode ser algo isolado. Joinville não pode se imaginar com silos isolados. Estou otimista com o novo momento de Joinville.

 

A economia de Joinville ainda está focada em poucos segmentos da indústria de transformação. Há um caminho a ser percorrido.
A matriz econômica de Joinville é muito concentrada no setor metalmecânico. Agora, chega a realidade da indústria 4.0, da automação e da inovação disruptiva. Isso tudo precisa se endereçar à indústria. O elo entre empresas e universidades ainda é fraco, mas está melhorando.

 

O comércio pode ser mais dinâmico na cidade.
Joinville pode capturar empresa de comércio eletrônico; já há 50 milhões de brasileiros que compram produtos e serviços via internet.  

 

No cenário nacional, como percebe  as empresas na questão da inovação?

Noventa e seis por cento das empresas brasileiras nascem com tecnologia defasada em relação ao que se pratica como referência global. Das 24 principais setores da indústria nacional, 12 estão atrasadas tecnologicamente. Só 1,2% do PIB do Brasil é investido em tecnologia e inovação. A Coreia do Sul investe 3% e outros países avançados, mais de 2%. 

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