Ninguém deve ser avaliado precipitadamente. Nem para o bem, nem para o mal. Nesta perspectiva, um governo de 48 meses não pode ser avaliado apenas com cem dias de mandato. Se é assim, também é verdade que cada governante traz sua marca já no começo de gestão. E isso está claro, tanto no caso do governador Carlos Moisés, como no do presidente Jair Bolsonaro.
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São perfis distintos, com trajetórias políticas diferentes, mas têm algo em comum: falam da urgência de reduzir os rombos nas contas públicas e agem com a convicção de que a reforma do Estado e a diminuição de despesas são vitais para o crescimento econômico. Compreenderam neste espaço de tempo, que necessitam de melhor articulação com o Legislativo.
No Estado de Santa Catarina, três constatações se impõem:
1. O governador não tem dinheiro para nada, e isso pode prejudicar planos de ação. Assustado, logo no início Moisés projetou possibilidade de faltar dinheiro até para pagar, integralmente, a folha salarial dos servidores a partir de junho/julho. Daí, cortes fundos no orçamento.
2. Moisés percebeu a pressão da Fiesc e corporações empresariais e, ao ouvir os reclamos, compreendeu: os incentivos fiscais concedidos às empresas devem ser mantidos, com ajustes pontuais, setorialmente.
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3. O governador compôs o colegiado com grande parcela de técnicos, numa forma de se diferenciar e apresentar uma cara capaz deo distinguir das administrações anteriores.
4. E já que transparência é palavra de ordem, abrir as informações do Executivo ao Tribunal de Contas do Estado – inclusive as referentes aos incentivos – é um acerto indiscutível. No mais, é esperar.
E Bolsonaro?
Bem longe da popularidade alcançada com a qual se elegeu, no rastro de discurso conservador, em cem dias viveu o inferno astral de falas desencontradas; interferência indevida de filhos na maneira de gerir; o caos se instalou na Educação e, em tão pouco tempo teve de demitir dois ministros. A favor, consta o trabalho de Paulo Guedes e Sérgio Moro na direção correta; com o envio do projeto de reforma da Previdência, mas precisa avaliar uma comunicação eficiente e ter um interlocutor qualificado junto ao Congresso.