O programa Rota 2030, que vai estabelecer uma nova política industrial para o setor automotivo, deverá ser anunciado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) até o final de fevereiro. O documento está sendo ansiosamente aguardado por montadoras, empresas de autopeças, ferramentarias e toda a cadeia produtiva automotiva. 

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O vice-presidente da General Motors Mercosul, Marcos Munhoz, cobrou do ministro Marcos Jorge de Lima a criação dessa política industrial em discurso na solenidade de inauguração da expansão da fábrica de motores da GM em Joinville, na sexta-feira.

– Estamos no momento de transição do nosso setor depois que acabou o programa setorial, em 31 de dezembro de 2017 – disse, referindo-se ao Inovar Auto. 

Olhando diretamente para o ministro, o executivo exemplificou a importância do programa extinto ao relacionar os avanços em redução de consumo de combustíveis obtidos durante os quatro ciclos de produção do Ônix e do Prisma: ao longo de 22 anos os ganhos foram de 18% no caso do Ônix e de 20% no caso do Prisma. 

A melhora foi de 15% na média de toda a indústria. 

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Nova reunião entre as lideranças empresariais e o governo federal acontecerá nesta terça-feira para evoluir em aspectos do documento – de pelo menos 20 páginas –, a ser escrito e definido em parceria do governo com a iniciativa privada, conta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentarias (Abinfer), Christian Dihlmann.

Em resposta a Munhoz, o ministro afirmou que a política do MDIC para o setor automotivo trata do futuro da indústria com o norte voltado para mobilidade e logística. 

– Pesquisa, desenvolvimento e engenharia induzem a indústria a alcançar padrão internacional. O Rota 2030 será um programa para durar 15 anos e terá três ciclos com foco em segurança veicular, eficiência energética e tecnologia embarcada nos veículos. 

Acrescentou:

– A indústria 4.0 trará transformações profundas nas plantas. O Brasil vai integrar a quarta revolução industrial. Não queremos ser coadjuvantes nesse processo. 

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Marcos de Lima disse, ainda, que a atual realidade impõe grandes desafios:

– Sabemos da importância do setor automotivo. Gera 1,6 milhão de empregos, responde por 22% do PIB industrial e possui capacidade de dinamizar a economia. 

O Brasil exportou 791 mil veículos no ano passado para 83 países, um volume 40% superior a 2016. Em 2018, a previsão é de novo recorde de exportações. A Colômbia deverá receber 25 mil veículos, 50% a mais do que em 2016. O ministro também relatou que está em estudo acordo comercial com a Argentina para a convergência regulatória sob aspectos de segurança veicular e de autopeças.

Plataforma de exportação global  

O montante de R$ 1,9 bilhão que a GM está aplicando na fábrica de Joinville faz parte do maior plano de investimentos da empresa nos 93 anos de história no Brasil, com um total de  R$ 13 bilhões entre 2014 e 2020. O novo investimento vai preparar a GM Mercosul para se tornar uma plataforma de exportação global.

A unidade joinvilense não fará motores para carros elétricos. Isso não está nos planos porque a produção desses modelos vai demorar, diz Munhoz. Ele também descarta a possibilidade de Joinville ter fábrica de transmissão (câmbio), como foi idealizado anos atrás: 

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– As estacas estão lá. Mas isso também não está nos planos agora.

Quatro vezes maior 

A fábrica da GM de Joinville quadruplica de tamanho. Tem, agora, 61,8 mil metros quadrados. Agora, aos poucos, virão os equipamentos e máquinas. A unidade ampliada vai produzir, apenas a partir de 2021, motores para os veículos novos que a montadora vai desenvolver e atenderá as unidades de Gravataí (no Rio Grande do Sul) e Rosário (Argentina). 

Para isso, a GM deve contratar 400 novos funcionários, diretos e indiretos, em momento oportuno, dependendo da situação de mercado. Atualmente, há três linhas de produção na unidade. O novo prédio, de 46,8 mil metros quadrados, vai abrigar seis novas linhas: duas de usinagem de blocos, duas de cabeçotes, uma linha de sub-montagem de cabeçotes e uma linha de montagem de motores. 

A capacidade anual será ampliada de 120 mil para mais de 420 mil motores, além dos blocos e cabeçotes. 

Munhoz destaca a importância da parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville nas negociações que viabilizaram os investimentos na fábrica: 

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– O apoio do sindicato foi fundamental para nossa decisão, que vai transformar a unidade de Joinville em uma de nossas maiores e mais competitivas fábricas. 

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