A história da Embraco se confunde com o auge do desenvolvimento econômico de Joinville. Ícone do progresso econômico e fator central da modernização industrial catarinense, a empresa chegou ao patamar máximo no mercado de compressores herméticos para refrigeração em razão de três fatores essenciais. O primeiro é a visão de seu fundador, o empresário e depois político Wittich Freitag, que enxergou oportunidade (e necessidade) de dotar os refrigeradores da Consul (empresa que ele também fundou) com compressores nacionais, numa época de grandes dificuldades para competir com os fabricantes do exterior, dos quais a marca de geladeiras anteriormente dependia.
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O segundo elemento decisivo para a consolidação e posterior expansão da Embraco é o da capacidade de inovação demonstrada ao longo dos anos. Sim, este ingrediente, o da capacidade de ser pioneiro no processo de desenvolvimento de ideias e tecnologias, é relevante para cada companhia que se pretende competitiva e líder. Evidentemente, para isso ser possível, a compreensão de que a área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) mereceu atenção prioritária e forjou a ascensão no mercado global.
Claro que a qualidade de suas lideranças, a capacidade de trabalho de seus milhares de trabalhadores e o próprio processo de crescimento econômico e inserção de milhões de consumidores adquirindo refrigeradores em todas as latitudes, facilitou o caminho. O terceiro fator determinante foi a clareza deles de que a Embraco deveria ser líder mundial. Se os anos 70 foi o começo da trajetória que se revelou vitoriosa, a década de 90 e os anos 2000 consolidaram o êxito, sob o comando de engenheiros e administradores de primeira grandeza no mundo corporativo. A Universidade Federal de Santa Catarina e outros polos de pesquisa e desenvolvimento dentro de universidades de referência tornaram-se partícipes inseparáveis da evolução tecnológica da Embraco.
Se a época sob Gilberto Krause foi um tempo de preparação para a expansão global definitiva, sob Ernesto Heinzelmann os métodos comerciais agressivos levaram a empresa a conquistas de clientes mundo afora com mais velocidade. Os gestores que se seguiram criaram ainda mais raízes da empresa nos diferentes continentes, com novas plantas e mais negócios, justamente quando os chineses surgiram com força como competidores globais vorazes.
Agora, a venda da Embraco para o grupo japonês Niked Corporation, divulgada em primeira mão pela NSC Comunicação na semana passada, significa um novo momento da história da companhia. Um momento de clara inflexão dos rumos dos negócios. Uma mudança grande, porque os japoneses, com 297 fábricas e negócios de diferentes segmentos espalhadas pelo mundo, vem com apetite. Enquanto isso, o grupo norte-americano Whirlpool – vendedor da Embraco por US$ 1,08 bilhão- se recolhe ao seu core business, dedicado ao segmento de eletrodomésticos.
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