Primeiro foi o Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville que realizou duas assembleias de sócios, e a partir daí, está autorizado a vender sua sede, localizada na Rua Ministro Calógeras, no centro da cidade. As avaliações preliminares feitas variavam de R$ 4 milhões a R$ 4,2 milhões pelo imóvel. Inclusive uma igreja demonstrou interesse prévio. As consultas oficiais virão ao longo deste bimestre.
Continua depois da publicidade
Nesta terça-feira o Sindicato dos Mecânicos de Joinville marcou assembleia de sócios para o dia 20, quando deverão autorizar a venda do imóvel da sede, localizado na Rua Luiz Niemeyer, com área de 945 m2, no centro de Joinville. Na mesma reunião, os associados também confirmarão o desejo da diretoria de vender, ou fazer comodato de parte do terreno da recreativa, que fica no bairro Costa e Silva, e tem 10.643 m2.
Os fatos não são isolados. Inserem-se no contexto das graves dificuldades financeiras das entidades sindicais brasileiras, com déficits se acumulando. Historicamente, os sindicatos laborais tinham, desde meados do século passado, receitas mensais garantidas, via cobrança do imposto sindical — recolhimento compulsório dos trabalhadores de todas as categorias, à razão de um dia de trabalho por ano, entre outras. Essa lógica foi eliminada com a reforma trabalhista aprovada em 2017.
Na “Carta aos associados”, a diretoria do sindicato dos mecânicos relembra perdas de representatividade por conta da criação do Sinditherme.
Para sobreviver e prestar serviços que resultem em arrecadação, os comandos dos sindicatos, em geral, terão de oferecer atividades capazes de atrair o pessoal para lá, novamente. Nada simples de se conquistar. Especialmente num momento de absoluta apatia para este tipo de situação.
Continua depois da publicidade
Vai daí, colocar à venda imóveis muito bem situados e de alto valor no mercado imobiliário de Joinville passa a ser imperativo. Veja a íntegra do texto do Sindicato.
“É vender ou entregar para a federação”
A seguir, as explicações do presidente Evangelista dos Santos sobre o tema.
Por que a direção do sindicato dos mecânicos está colocando imóveis valiosos à venda?
Temos 58 anos de atuação. Os sindicatos precisam se adaptar a uma nova realidade. No nosso caso, perdemos várias receitas ao longo de anos. Os trabalhadores da Embraco, Consul (Whirlpool) e Kavo migraram, há anos, para a base do então criado Sinditherme. Mais recentemente, a falência da Busscar e as dificuldades da Duque contribuíram para esvaziar o número de trabalhadores associados ao nosso sindicato.
Há dívidas muito grandes para pagar?
Temos déficit, sim. O custo de manutenção dos imóveis é alto. Hoje, nossa receita mensal praticamente equivale aos custos fixos. Temos sede, sub-sede em São Bento do Sul, recreativa e colônia de férias para administrar. Mas, deveríamos ter recebido, ao longo de muitos anos, algo próximo a R$ 1,3 milhão das empresas do setor. Elas recolheram dos trabalhadores e não repassaram a parte devida ao sindicato. Isso envolve taxas, imposto sindical…
Não há outra opção, a não ser vender os bens?
Essa decisão — vender ou não — será tomada pelos associados, no sábado. A alternativa estatutária seria fechar as portas e repassar o patrimônio para entidade hierarquicamente superior — a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos de Santa Catarina. Pergunto: quem, dos trabalhadores joinvilenses, conhece a federação? Então, melhor colocar os bens à venda e garantir a continuidade dos serviços prestados aos trabalhadores da cidade.
Continua depois da publicidade
Qual é o valor da avaliação dos imóveis que serão colocados à venda?
Fizemos três avaliações junto a imobiliárias. Apresentaremos as três na assembleia de sábado. O valor médio estimado da sede é de R$ 1,5 milhão. E de R$ 2,6 milhões no caso do prédio da recreativa.