O presidente da Tupy, Fernando Rizzo, concedeu entrevista de 24 minutos, por telefone, e destaca a importância de se preservar os empregos da indústria em Joinville e no México neste momento de crise.

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Presidente, qual é o cenário e qual a análise que a Tupy faz diante do Coronavírus?

Fernando Rizzo – Precisamos falar com a sociedade. Mais do que um momento de crise econômica, estamos num momento de crise da humanidade. Numa hora dessas, as lideranças precisam falar.

Quais são as prioridades agora?

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Rizzo – As prioridades são claras. Em primeiro lugar, preservar a saúde das pessoas. Em segundo lugar, atuar para preservar os empregos agora porque, senão, poderemos ter problemas maiores adiante. Terceiro, vamos manter as nossas unidades abastecidas de material e insumos, tanto no Brasil como no México.

As empresas tem responsabilidades grandes nesta hora.

Rizzo – Na Tupy, o fundamental é preservar os nossos funcionários. Temos o dever moral de contribuir com a sociedade. Temos amplo trabalho de informação interna e queremos que os funcionários sejam veículos voluntários para disseminar informações corretas de cuidados para os grupos próximos de pessoas.


Como fica o desempenho econômico-financeiro neste momento?

Rizzo – Há poucos momentos que as empresas tem de escolher entre o resultado econômico-financeiro e a cooperação social. Estamos vivendo um destes momentos. Temos de preservar os empregos. Em crises assim, são os mais humildes que sofrem mais. Nós, da Tupy, temos valores. E a solidariedade é um destes valores.

Internamente, o que a Tupy está fazendo?

Rizzo – Formamos comitê de crise. O presidente do comitê, pela amplitude das situações, e o presidente sou eu. Estamos seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde, a OMS, do Ministério da Saúde do Brasil e do México. Também contratamos o infectologista Luiz Henrique Melo para orientar nas decisões que temos de adotar.

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Muita gente está aflita.

Rizzo – Seguir todas as orientações é essencial. Justamente para não se criar pânico. É hora de acolher e proteger os funcionários. Não há descanso, nem em fim de semana.

A Tupy está com pessoas trabalhando em home office, certamente.

Rizzo – Sim. A companhia tem 8.500 funcionários. O que mais importa é oferecer tranquilidade, afastando as pessoas do convívio. Temos aproximadamente 350 trabalhadores trabalhando de casa. Temos de proteger para que a curva de evolução do Coronavírus não exploda. Essas pessoas que foram para casa levaram kit de itens de higiene, como álcool gel, por exemplo.

A Tupy cancelou viagens?

Rizzo – Sim. Cancelamos todas as viagens. Cancelamos visitas. Não é hora de convívio social. O recebimento de materiais para a produção acontece sob cuidados.

A Tupy já sente os efeitos do Coronavírus na produção?

Rizzo – Nossos estoques estão equilibrados. Mas é claro que teremos redução de produção em algum momento futuro. Mas ainda não há sinais de clientes. Pedidos estão firmes.

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Que decisões o governo deve adotar para tentar diminuir o problema?

Rizzo – Estamos em contato com o Ministério da Saúde, com o Ministério da Economia. Pedimos para que se permita fracionar as férias em mais vezes do que a legislação prevê hoje. Também queremos a possibilidade de operar as fábricas em menos dias da semana sem reduzir a remuneração. Temos que preservar os empregos. Temos que ter consciência coletiva. E momento de empresas, sindicatos e autoridades se unirem. Não temos problemas de demanda, nem de taxa de juros. A Tupy tem saúde financeira extraordinária e vai atravessar essa fase. Depois, haverá crescimento econômico de novo. Afinal, o Brasil precisa de investimentos em saneamento, construção, rodovias.

O cenário com o coronavírus é imprevisível?
Rizzo –
Não é imprevisível. O Governo Federal está pedindo ajuda. As federações empresariais — e aqui, a Acij — estão agindo.

O alerta é total.

Rizzo – Exatamente. Estamos totalmente alertas na companhia. Temos que ajudar para desacelerar a transmissão do vírus. Tudo o que fazemos no Brasil fazemos no México. É hora de cuidados extremos. É hora de priorizar a cooperação. Os empresários tem de ocupar seu tempo para orientar suas equipes adequadamente. Na Tupy, estamos abertos.