Na Döhler há um mantra: é preciso treinar, treinar, treinar e novamente retreinar para estar à frente e manter a qualidade dos produtos. Nesta perspectiva, a meta é faturar 20% a mais neste ano em comparação ao ano passado.A companhia joinvilense é a maior fabricante de tecidos para a indústria de calçados do país. Para viabilizar o crescimento, ampliará a fiação e planeja contratar mais 100 trabalhadores ao longo do ano. As informações são do presidente José Mário Ribeiro, em entrevista exclusiva para a coluna Conexão Econômica. A seguir, os principais trechos da conversa.
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O senhor assumiu a presidência da Döhler em meados do ano passado. Qual é sua trajetória profissional. O que mudou de lá para cá na empresa?
Assumi o comando com a passagem do Udo Döhler para a presidência do conselho de administração. Tínhamos seis diretores; agora são cinco. Vivo a empresa desde os anos 1970, quando havia 200 empregados. Sou diretor técnico desde 1986. E, em 2017 assumi a presidência em substituição a Udo Döhler. Vivenciei muitas transformações, e tenho boas lembranças dos anos 1980 e 1990, com a expansão dos negócios.
Qual é a prioridade da Döhler sob sua gestão?
O modelo de trabalho é baseado em resultados. É a isso que nos atemos. Somos estrutura familiar. Sou o mais velho da quinta geração; o César, filho do Udo, é o mais novo. Sou engenheiro elétrico e administrador de empresas; tenho muita vivência no chão de fábrica.
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Que mudanças promove na empresa?
Temos um mantra: temos que treinar, treinar, treinar e continuar a treinar. Esse é um compromisso vital. Promovemos cursos para as atividades produtivas. Claro que a automatização é necessária e isso auxilia a reduzir custos.
A empresa está fazendo investimentos?
Agora fazemos investimentos, sim. De 2014 a 2016 não houve crescimento; em 2017, sim. A nossa meta é crescer 15% na produção física e mais de 20% em faturamento. A Döhler produz 12 mil produtos diferentes; 40% deles atendem a indústria. Somos, por exemplo, o maior fornecedor de tecido para calçados. Produzimos 6 milhões de metros por mês. Isso dá para cobrir todo o país. A Vulcabrás é o grande cliente de tecidos para tênis.
2017 foi um ano de bons resultados…
Foi, sim. Dobramos o resultado em relação a 2016. Ainda não podemos divulgar os números. Vamos publicar o balanço em 23 de março. Mas dá para dizer que o faturamento também aumentou em função da melhora da economia.
A estratégia de negócios caminha em que direção?
Perseguimos agregação de valor aos produtos. E, então, garantir melhor margem, como ocorre nas linhas de calçados, estofamentos e colchões.
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A Döhler vai contratar mais trabalhadores?
Projetamos contratar mais 100 trabalhadores ao longo do ano. Temos aproximadamente 3 mil, atualmente: 2400 na Döhler e 520 na fiação, a Comfio.
Vai construir novas instalações fabris?
Vamos construir nova fiação, aumentando o tamanho em 20%. Até julho deverão chegar os equipamentos. A produção será de 900 toneladas por mês. A demanda é de 1400 toneladas por mês. Isso significa que, hoje, compramos parte dos fios de terceiros.
Qual é o planejamento da companhia para os próximos anos?
A Döhler planeja o negócio para cinco anos adiante. O objetivo é crescer e ocupar a totalidade dos espaços da fábrica atual. Para os próximos 10 anos pretendemos ocupar terreno ainda disponível no local atual.
Há intenção de ter fábrica no centro-oeste do país, onde está matéria-prima, o algodão?
Não. Nos próximos 20 anos não vamos sair daqui. A área total da Döhler e da Comfio tem 454 mil m2, com 200 mil m2 de área construída. No Mato Grosso e em Goiás há incentivos fiscais e tem algodão. Mas faltou convencer as gerações anteriores a investir no centro-oeste e no Paraguai. Houve um momento, no passado, que pensamos produzir no Paraguai, mas agora não há decisão nesse sentido.
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Inovar neste mercado competitivo ainda é diferencial?
Inovar é fundamental. As inovações diferenciam o líder dos seguidores. Enxergamos um nicho e investimos no segmento de felpudos. Lançamos coleção “Travessia” para cama, mesa e banho. A inovação representa 20% dos investimentos totais para este ano.
A Döhler aposta em qual segmento para deslanchar as vendas?
A estratégia é incrementar o varejo. Isso dá mais trabalho e também mais resultado. Havan, Carrefour e Riachuelo são grandes redes e nossos clientes. Temos 7 mil clientes ativos por mês. O varejo representa 40% das vendas totais.
Como avalia o cenário da economia brasileira?
Acreditamos na evolução da economia neste ano. Acreditamos que o PIB cresça mais de 3%. O problema ainda é o preço dos financiamentos: captar dinheiro está caro. O cenário político não vai atrapalhar. Se surgirem bons candidatos a presidente, o nível de confiança vai aumentar.
O senhor fala frequentemente com o Udo (Döhler). Ele vai renunciar à prefeitura e se habilitar à candidatura a governador?
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Faço essa pergunta todo dia para ele. (rs). Eu ainda não sei.
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