O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Operações Logísticas de Joinville (Setracajo) Wilson Steingräber, faz um balanço da paralisação dos caminhoneiros autônomos, que já avança para o oitavo dia, nesta segunda-feira. Acredita que a paralisação prosseguirá pelo menos até terça-feira. O prognóstico não é bom. Afirma:

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– A chance de haver desabastecimento durante o feriadão é grande. Para cada dia de paralisação são necessários dois dias para recuperar o abastecimento.


A seguir, os principais trechos da entrevista:
 
Qual é a sua avaliação dessa situação?
Wilson Steingräber –
 A situação é complexa. Tivemos de fechar nossa empresa, aliás como tantas outras. Temos caminhões parados em diferentes pontos do país. Nem vazios eles rodam. Só nos temos 40 cavalos mecânicos, 50 carretas e mais de cem terceirizados, que também nos atendem. Nada roda. 

O movimento continua ganhando apoio da população. O que isso significa?
Wilson – 
Verdade. Vi que 60 motoristas de vans se juntaram ao movimento aqui na região, no sábado. E quando a Polícia Rodoviária Federal agiu para pedir o desbloqueio da rodovia, o fez muito tranquilamente. Não se trata de apoio aos caminhoneiros, mas de compreensão para a causa.

Conversei neste domingo com participante da paralisação. Os caminhoneiros querem acordo que atenda as reivindicações da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos. 

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Wilson – As reivindicações – em especial a redução do preço do diesel – são legítimas.

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Este mesmo participante do movimento relata que há disposição para a continuidade da paralisação aqui na região de Joinville. Ele conta que os autônomos já são responsáveis por mais da metade da movimentação de mercadorias transporte no país. 
Wilson –
 Acredito. Vamos acompanhar os fatos.

Qual é a origem do problema?
Wilson –
 A política de preços da Petrobras está equivocada. Entendo que a Petrobras não deve agir apenas olhando para o mercado. É uma empresa pública. Então, ou é um patrimônio público ou, se for gerir o negócio pelo viés exclusivamente do mercado, que privatize logo!

O acordo de quinta-feira não resolveu o impasse.
Wilson –
 Acho que se esticou demais a corda. Não sou fã do acordo (fechado na quinta-feira da semana passada), mas é um acordo razoável. Eu disse para alguns caminhoneiros que devemos dar uma chance à trégua.

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Quando vai acabar isso tudo, na sua opinião?
Wilson –
 Antes de terça-feira, dia 29, não acaba. 

O senhor teme confrontos se a paralisação continuar?
Wilson –
 O movimento é pacífico. É hora da distensão. Estamos todos imobilizados. Repito: temos de dar uma chance à trégua. 

A Associação Catarinense de Supermercados avisa que faltará até pão ao longo da semana se a reposição de produtos não acontecer por falta de matéria-prima e gás. Frios e laticínios, verduras e frutas, batata e tomate; carnes in natura e resfriadas em geral, e frutas de fornecedores de outros Estados já faltam. Quanto tempo demora para a situação de abastecimento se normalizar?
Wilson –
 A conta é simples: para cada dia de paralisação, serão necessários dois dias para recuperar o fluxo completo do abastecimento de mercadorias. A paralisação já completa sete dias neste domingo. Então, vai demorar mais do que duas semanas para a total normalização do abastecimento. 

Isso significa que vamos passar o feriadão de Corpus Christi ainda desabastecidos?
Wilson – 
A chance é grande. Claro que várias mercadorias estarão nos supermercados mais rapidamente do que outras. Em geral, os supermercados têm estoques para três dias.

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Este movimento não é movimento qualquer, claro… Como percebe o comportamento dos caminhoneiros?
Wilson – 
Os caminhoneiros acham que o governo não vai cumprir o acordo. Os governos nem sempre têm cumprido o que prometem. Este é um evento fora da curva. Infelizmente, é verdade que os governos não têm cumprido com acordos. 

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