A ascensão de Daniela Reinehr ao posto de governadora de Santa Catarina, a partir desta terça-feira, dia 27 de outubro, marca um período conturbado da política catarinense jamais visto na história recente do Estado. Ao menos por até seis meses se espera uma administração pautada pelo diálogo frequente e aberto com as lideranças empresariais e políticas.
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Conheça Daniela Reinehr, a primeira mulher a governar Santa Catarina
O desinteresse em conversar foi uma das principais causas do afastamento imposto a Carlos Moisés pela decisão de Tribunal de Julgamento, na quinta-feira passada. Ao se enclausurar no palácio, ficou sem base política e para sobreviver.
Esse erro Daniela não vai cometer.
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O grande desafio que ela terá pela frente é gerir uma máquina pública antiga, que precisa ser domada em curtíssimo tempo. Terá, também, de lidar com as expectativas, os desejos e as demandas reprimidas de uma sociedade que até agora não foi ouvida.
Entenda:
Impeachment é aprovado, Moisés é afastado do governo de SC e Daniela assume
Impossível imaginar que a governadora não dê atenção especial às necessidades da região Oeste, seu berço político, e onde a agroindústria é dominante — ela mesma uma produtora rural —; e onde as estradas precárias. Também não dá para imaginar que deixe de lado as reivindicações de outras regiões.
Joinville, por exemplo, quer recursos, no orçamento de 2021, para obras de mobilidade na zona Norte do município. Algo que está, ainda, bem encaminhado, inclusive com fala do secretário da Fazenda, Paulo Eli, sinalizando positivamente para isso. Por ora, reunião decisiva entre prefeitura de Joinville, Acij, e secretários estaduais continua marcada para o dia 16 de novembro, em Florianópolis.
> Entenda o pedido de impeachment que afastou do cargo o governador Carlos Moisés
A questão, agora é: a equipe do governo estadual, que vem negociando com os líderes de Joinville, vai permanecer em seus cargos? Secretarias da Fazenda, Infraestrutura, Saúde e Educação, Desenvolvimento Econômico — pilares de qualquer gestão pública — terão novos titulares?
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Veremos nos próximo dias quem será mantido, e quem vai ser descartado pela governadora.
Quando assume um novo líder, é óbvio que queira imprimir sua marca, estabelecer prioridades próprias. Por isso, o que já estava ajeitado com o time de Moisés, pode cair no vazio de uma hora para outra. O processo de convencimento pela manutenção de projetos e de promessas, terá de ser reforçado.
E isso, justamente em meio a um processo eleitoral municipal, que é decisivo para a configuração de forças visando 2022.
Deputado pede que Daniela “rasgue” decretos de Moisés contra pandemia
Daniela vai tocar o barco com pessoal de sua confiança. Natural que assim seja. Então, surge mais um problema: seu mandato, por ora, vai, no máximo até abril de 2021. Se Moisés sair vitorioso no segundo julgamento, (e isso é bem possível, como mostra o colega Upiara Boschi, ele retomará o poder rapidamente, de novo, aumentando a confusão, criando um ambiente de extrema instabilidade político-administrativa, com prejuízos generalizados.
Essa situação afasta investidores de fora e tende a brecar iniciativas de empresários catarinenses. Afinal, não se tem resposta para uma pergunta óbvia: com quem os empresários devem negociar para além do curtíssimo prazo?
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Moisés é notificado sobre decisão do Tribunal do Impeachment que o afasta do governo de SC
Sabem todos que o comando, tanto na esfera pública quanto na iniciativa privada precisa ser uno e claramente conhecido. Transições difíceis ou, pior, a dúvida sobre a extensão do mando, se não impede, ao menos dificulta o exercício pleno do poder.
A Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) resume bem a apreensão generalizada, em nota oficial: – é fato notório que o processo de impeachment em curso representa um percalço para a administração pública, uma perturbação na definição de assuntos de alta relevância para o Estado, um transtorno para empresários, empreendedores e investidores. Em resumo, um fator de instabilidade para a economia catarinense.