O setor de comércio de materiais de construção de Joinville fechou 32 lojas nos últimos 12 meses, e 70 estabelecimentos deixaram de atuar desde 2015. Isso significa perda de mais de 400 empregos. A informação é do presidente da Associação de Comerciantes de Material de Construção de Joinville e Região (Acomac), Rudi Soares (foto).

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Há duas razões para isso ter ocorrido: a primeira é, naturalmente, o processo recessivo da economia, que encolheu os negócios do setor ao longo dos últimos anos. O outro – tão ou mais grave – decorre de uma prática da indústria e de grandes distribuidoras que tem crescido: o da venda direta dos fabricantes e distribuidoras ao consumidor final.

Evidentemente, essa realidade, cada vez mais comum desde 2014, retira fatia expressiva dos negócios das lojas. O tema foi um dos tópicos debatidos em Porto Alegre, onde o setor se reuniu durante a 21ª Construsul – Feira Internacional da Construção, em Porto Alegre. Lá, os varejistas conheceram mais de 300 expositores dos segmentos de construção civil e arquitetura.

 

Como essa concorrência direta da indústria afeta os comerciantes?

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Rudi Soares – A Acomac representa os interesses de 390 lojas de materiais de construção de oito cidades, tendo Joinville como principal polo. O problema é que as construtoras, os empreiteiros e as distribuidoras capturam grande parte das compras; e para os pequenos comerciantes de bairros sobram migalhas. Então, além de tudo, esse comportamento destrói os empreendimentos menores.

 

Mas não são só as grandes construtoras que mexem o mercado…

Rudi – Verdade. Há muitos microempreendedores individuais, os MEIs formalizados, que também compram diretamente. Tudo isso junto também reduz a arrecadação de impostos, porque na venda direta a tributação é menor.

 

A Acomac vai fazer alguma ação para conter isso?

Rudi – Nosso setor está fragilizado. Vamos chamar representantes de construtoras e fornecedores significativos – Tigre, Amanco, Krona, Votoran, e distribuidoras, entre outros – para uma reunião em busca de uma solução. No Brasil, há 148 mil lojas de materiais de construção. Há que se ter responsabilidade para com os pequenos. Do jeito que está, a competição é predatória.

 

Apesar das circunstâncias, as vendas evoluem?

Rudi – Houve uma pequena melhora nas vendas na segunda quinzena de julho. Nada muito expressivo. No primeiro semestre do ano, as vendas caíram 5% na comparação com o mesmo período de 2017, que já não foi um bom ano.

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Qual foi o ganho com a ida à Construsul ?

Rudi – O evento foi muito bom para o relacionamento entre os fabricantes e lojistas. As lideranças do setor aumentam consideravelmente o seu network. O lojista pode comparar empresas, setores e tomar uma decisão mais assertiva e optar por esse ou por aquele produto. Outra coisa que eu destacaria é a variedade de produtos, o portfólio dos expositores, que a cada ano aumenta. 

 

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