Em 1923, quando surgiu o jornal A Notícia, Joinville tinha 33 mil habitantes, 300 empresas e a economia era dominada pelos negócios da erva-mate e de madeira, tendo a indústria têxtil, ainda incipiente, como outro vetor. À época, o Senado criava o imposto de renda, com alíquotas de 0,5% a 8%. O governo da Argentina adotava medidas protecionistas contra a exportação do mate catarinense. Já havia queixas contra a falta de vagões para transportar mercadorias pelos trens.
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A crise mundial de 1929 derrubou a economia brasileira, com reflexos sobre as atividades econômicas em Joinville e Santa Catarina, também. Mas naquele mesmo ano foi criada a Empresul, o que viria, mais tarde se chamar Celesc. Viajar de trem de Joinville para Curitiba demorava 13 horas. Com a construção de estradas a demora diminuiu para seis horas. Um ganho extraordinário.

Com a economia em frangalhos, em 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder e em poucos anos modificou radicalmente as relações de trabalho, com nova legislação trabalhista, opondo empresários e trabalhadores: em 1933, os operários da construção civil fazem greve.
A eclosão da Segunda Guerra Mundial favoreceu o processo de industrialização de Joinville, então ainda no começo. Surgiu a Tupy; o grupo Hansen; a Wetzel se redesenhava e as têxteis Döhler e Lepper fincavam pé no acelerador. Em 1940 inaugurava-se o serviço de telégrafo entre Joinville e Curitiba, melhorando as comunicações.
Joinville também já teve variada gama de negócios da família Stein, hoje mais voltada ao segmento imobiliário; o Moinho Joinville, inaugurado em 1913, figurou como ícone empresarial da cidade por décadas, às margens do rio Cachoeira: a Fiesc comprou o espaço no ano passado. E a cidade já sediou a famosa cervejaria Antarctica, hoje um local deteriorado.
Se a guerra obrigou os empresários a procurar alternativas para atender demandas, também provocou, em 1941, o tabelamento de preços de primeira necessidade, em razão de carestia. Fato que veríamos novamente em décadas posteriores em circunstâncias históricas distintas, mas pelo mesmo motivo.
Não foi só: em 1943 agravava-se a já precária situação do transporte ferroviário e no ano seguinte, e novamente, em 1947 e em 1951, 1954 e 1962 o problema da crise de energia elétrica se repetiria.
Cidade das bicicletas
Os anos 1960 marcaram Joinville como a “cidade das bicicletas”: havia 35 mil delas em circulação. Em 1964 emerge a figura de Hans Dieter Schmidt, da Tupy, como o grande personagem do empresariado local, assumindo, por anos a fio, posições de liderança nos contextos local e estadual.
A indústria joinvilense ganhou tração a partir da década de 1970, quando da era do milagre econômico, com o PIB nacional crescendo a dois dígitos e em pleno emprego. A expansão da Tupy, Tigre, Docol, Schulz, Duque, Döhler, Lepper, Salfer, Ciser, Laboratório Catarinense, Consul, Embraco Wetzel, entre outras, levou Joinville à liderança econômica no Estado, tornando-se a “Manchester catarinense”.
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Era industrial
A era industrial clássica (têxtil, plástico, metalmecânico) começa a se modificar com o advento de tecnologias disruptivas, como o computador. Se a história econômica de Joinville passa por expoentes como Friedrich Wetzel, Eduardd Trinks, Carl Döhler, Carlos Schneider, Procópio Gomes, Hermann Lepper, Alberto Bornschein, Albano Schmidt e Hans Dieter Schmidt; além de João Hansen Junior, Alfredo Salfer, Wittich Freitag, e os sucessores, também passa pelo nome de Miguel Abuhab até chegar aos tempos atuais, quando a diversidade e ecletismo das atividades econômicas torna a área de serviços e de tecnologia essencial na formação da riqueza.
Anos 1990
O Perini Business Park, que nasce nos anos 1990 em meio a arrozais, já responde por 21% do PIB local e por 2% da riqueza estadual, abrigando 200 companhias de mais de 10 nacionalidades. A indústria local se internacionaliza e, desde então, várias empresas de segmentos metalmecânico (Embraco, Consul), plástico (Akros/Amasnco), de carrocerias (Busscar), do comércio (Salfer), tecnologia (Datasul) trocam de mãos.
Serviços
A área de prestação de serviços, como os hospitais privados (Unimed, Dona Helena) evoluíram exponencialmente e, em 2019 ganharam a concorrência do grupo HapVida, que chegou para disputar este mercado. Joinville tem dezenas de cursos superiores, com universidades qualificadas a atender necessidades de formação e aperfeiçoamento acadêmico voltado ao mercado.
Tecnologia
Mas o momento é das startups, de empresas com foco em tecnologia, área para a qual a cidade está se voltando, num imenso esforço da iniciativa privada e poder público e academia. O Ágora Tech Park; as ações do JoinValle e de instituições de ensino superior já colocam Joinville no cenário nacional de inovação e tecnologia. A Conta Azul – e tantas outras empresas do setor – são âncoras que vão viabilizar uma Joinville em crescente expansão numa era na qual a nova economia emergente dará as cartas.
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Era das startups
Iniciamos a era das startups, que chamo da era da impaciência e da pressa. A indústria terá de se reinventar. Com o advento da indústria 4.0, a inteligência artificial, o uso cada vez maior de robôs e transformações velozes, faz mudar estilos de negócios e padrões de vida da sociedade. Estamos hiperconectados.
Confira o especial Um Clique na História: 97 anos do A Notícia em fatos que marcaram Joinville
