São alarmantes os dados da pesquisa da Fiesc, que indicam perda de 165 mil empregos nos últimos 30 dias na indústria de Santa Catarina. Um quinto de empregos perdidos em um mês mostram que a situação é gravíssima, com apenas um mês desde que o coronavírus tomou conta das mentes de todo mundo. A situação é grave para o conjunto da sociedade – e isso engloba a iniciativa privada, os governos e as pessoas.

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No tocante à indústria catarinense, o problema é generalizado. Tanto para setores de bens de consumo – como bebidas e têxtil, móveis, por exemplo – como para segmentos que produzem bens intermediários ou componentes para outras empresas, como são os casos do automotivo e de bens de capital (equipamentos e máquinas – o estrago está demonstrado.

A espiral de perdas de faturamento e de negócios atinge toda a economia do Estado. Não há segmento imune. Num raciocínio simplificado regionalmente, vemos os efeitos catastróficos espalhados. Assim, no Sul, a indústria cerâmica; no Vale e no Norte, o setor têxtil; ainda no Norte, a área automotiva e de equipamentos elétricos; na Serra, o segmento de bebida e madeira; no Planalto Norte e no Oeste, o setor de móveis.

As respostas dos empresários ao questionário formulado pelo Observatório da Indústria apontam, também, para a natural e evidente perda de apetite para se fazer novos investimentos, dado que o momento é de sobreviver do jeito que for possível.

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Um dos problemas dessa crise é que ela não é uma crise datada, a qual os líderes estavam aptos a enfrentar. Sequer se conhecia seu potencial destrutivo: em vidas ceifadas, e em riqueza perdida. A avalanche chegou, de repente, desestruturou tudo ao seu redor, e tornará cada um de nós – pessoas físicas, empresários, governos – mais pobres de uma hora para outra.

O que a pesquisa da Fiesc revela, é, ainda, o grande descontentamento dos industriais para com a tibieza das medidas do governo estadual no enfrentamento da situação. O percentual de aprovação das medidas – bem menor que um terço dos entrevistados – ilustra o que pensam os industriais. Aliás, num flagrante contraste em relação aos instrumentos e políticas públicas que Brasília já produziu, ganhando aprovação de pelo menos dois terços dos industriais catarinenses.

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Santa Catarina sempre se orgulhava de ter uma economia em crescimento bem maior do que a média nacional. Os últimos três governadores alardeavam isso como um ganho essencial de competitividade. De agora em diante, esse discurso perderá sentido.

Não há como encher a boca para afirmar que o PIB de Santa Catarina cresce o dobro da média brasileira. A fala terá de ser outra. Reconhecer a profundeza e o tamanho do poço terá de ser a primeira atitude. Agir com rapidez é vital.

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A hora é de sentar à mesa para se tentar achar soluções de curto e médio prazos, que possam auxiliar no encaminhamento de saídas desse caos que se avizinha.

O que é necessário? Urgente aumento de investimentos públicos, mesmo que isso signifique o aprofundamento do nível de endividamento do Estado; rapidez na concessão e liberação de crédito abundante; postergação de recolhimento de ICMS e de pagamento da conta de luz por parte são duas providências minimamente imperiosas.

A hora é agora. Porque se não for agora, talvez depois não faça mais sentido. Em abril de 2020 é preciso revisitar Keynes e abdicar do liberalismo.

O que vem pela frente será a amais séria e contundente recessão dos últimos 70 anos. Em 2020, a jogar contra, há um elemento inexistente no período do pós Grande Guerra: a completa interconexão dos países e de suas economias, em função dos avanços tecnológicos conquistados nos últimos 30 anos. Em 2020 saber lidar com as urgências vai diferenciar os comandantes.

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