Um pouco de leitura sobre História ajuda a compreender como a humanidade se desenvolveu nas diferentes latitudes e qual a importância de germes no processo civilizatório. O livro "Armas, germes e aço – os destinos das sociedades humanas" vem nos socorrer para compreendermos melhor as circunstâncias e o nosso modo de vida. O autor é o professor Jared Diamond, da Universidade da Califórnia.

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O livro dele se propõe a responder uma questão que intriga os estudiosos há muito tempo: – por que a civilização prosperou em algumas regiões, e em outras não?

Ele elenca três possibilidades. A primeira: por causa do clima. O trópico induz à indolência e o inverno impõe a percepção da escassez, estimulando a criatividade. Segunda possibilidade: a conjunção de clima seco com a existência de vales férteis.

Diamond dá menos valor a estas duas possibilidades e se atém a uma terceira. A hipótese levantada é a de que os europeus se impuseram porque tinham, armas, aço e… germes. As armas foram determinantes para derrotar inimigos nas guerras de conquistas. O aço é elemento essencial e explica o desenvolvimento de povos, via industrialização.

Diamond sustenta que há 11 mil anos, quando a espécie humana começou a se agrupar em vilarejos, ninguém podia prever qual região do mundo prosperaria.

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Ele argumenta que o jogo ficou mais claro – e virou a favor da Europa – num dia e local exatos: 16 de novembro de 1532, em Cajamarca, nos Andes. Lá, o imperador inca Ataualpa, com um exército de 80 mil homens, rendeu-se ao espanhol Francisco Pizarro, com 168.

Por que a batalha de Cajamara foi determinante com a vitória de Pizarro? Tinha cavalos, mas eram só 62. Tinha mosquetes, mas só uma dúzia. Trazia uma cultura letrada, mas era analfabeto. Mesmo assim, Pizarro sabia da vida dos incas, enquanto Ataualpa nada sabia dos espanhóis.

Foram esses fatores, e, claro, mais a epidemia de varíola, que matara um imperador, seu sucessor e grande parte da elite inca.

Diamond acredita que as civilizações se diferenciaram quando cada uma delas descobriu uma maneira de ir buscar em outro lugar, por bem ou por mal, a comida que precisava. Os povos que plantavam formavam comunidades demograficamente densas, conseguiram recursos para custear burocracias e exércitos que lhes defenderam seus interesses.

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Os germes estão na moda

A varíola, trazida pelos europeus, matou metade da população asteca, inclusive um imperador. As armas e os micróbios liquidaram 95% da população das Américas no século 16. Fica a pergunta: – Por que o imperador asteca morreu de uma doença trazida pelos espanhóis – e não o rei da Espanha de uma doença mexicana?

Diamond atribui, isso a uma falta de estoques, na América, de germes letais, quase sempre derivados de doenças de grandes mamíferos domesticados.

Algo como os americanos, depois de produzirem e estocarem antraz (como fizeram), tivessem contaminado (involuntariamente) os afegãos.

A maneira mais fácil dos germes se propagar é esperar que seja transmitido passivamente para a próxima vítima. Essa é a estratégia adotada por micróbios que esperam que um hospedeiro seja comido pelo próximo hospedeiro.

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Estamos conhecendo a pandemia do novo Coronavírus – o Covid-19

As doenças infecciosas – escreve Diamond – que nos chegam na forma de epidemias e pandemias, têm várias características comuns. Primeiro, elas se transmitem rápida e eficazmente da pessoa contaminada para as saudáveis, que estão próximas, e, com isso, a população inteira fica exposta em pouco tempo.

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Segundo, são doenças agudas: em pouco tempo as pessoas morrem, ou se recuperam logo. Terceiro, essas doenças costumam ser restritas aos seres humanos. A grande pandemia da humanidade foi a gripe espanhola, que matou 21 milhões de pessoas no fim da Primeira Guerra Mundial. A peste negra (bubônica) matou um quarto da população da Europa entre 1346 e 1352.

E o autor de "Armas, germes e aço" arremata: "quando a população humana tornou-se suficientemente grande e concentrada, atingimos a fase de nossa história na qual poderíamos, afinal, desenvolver. e sustentar doenças de multidões restritas à nossa própria espécie. E não mais, como era, até então, a transmissibilidade para humanos, feita, muitas vezes, por animais, principalmente pelos animais que gostamos.

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