A lógica para Joinville buscar sua inserção no mundo da indústria 4.0 e vivenciar um start direcionado a uma economia radicalmente distinta daquela que moldou seu desenvolvimento nas últimas cinco décadas decorre da convicção de que o futuro dos negócios será absolutamente diferente do que se vive e conhece atualmente.
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O prefeito de Joinville, Udo Döhler, resume a estratégia pensada para viabilizar a mudança em curso, como se constata com as reportagens e informações veiculadas pela NSC ao longo da semana passada, em suas variadas plataformas. Mostramos que Joinville e o Estado de Santa Catarina podem se tornar o Vale do Silício brasileiro, tal a dimensão desse movimento pró-inovação que se desenrola nos seus principais polos econômicos.
Desde a primeira campanha eleitoral a prefeito, em 2012, Udo repete um bordão:
– Em 20 anos, Joinville vai dobrar de população e triplicar sua economia.
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Ele continuou otimista.
– Quando chegamos à prefeitura, identificamos oportunidades para Joinville se desenvolver com a mudança de âncora da economia local – agora focada na indústria metalmecânica – para áreas de segmento tecnológico. Fizemos a nova LOT, o Plano Diretor, criamos o Join.Valle, fechamos parceria com o Instituto Fraunhofer, desenvolvemos modelos em mobilidade urbana. A transição do modelo tradicional para o novo será mais rápido do que se imagina. Com o Ágora Tech Park, que será inaugurado em 28 de março de 2019, haverá um efeito multiplicador disso tudo.
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A fala do prefeito antecedeu o painel “O nosso Vale do Silício”, realizado no auditório da UniSociesc na segunda-feira, coroando a iniciativa da NSC, que abordou um amplo retrato do setor de tecnologia na cidade, no Norte de Santa Catarina e no Estado.
Os dados e conceitos apresentados durante o painel são emblemáticos pela preocupação com que alguns dos principais agentes econômicos de ponta da cidade encaram o momento e vislumbram o futuro.
Maioria despreparada
A professora e diretora da Ânima Digital, Patrícia Fumagalli, em debate sobre “O nosso Vale do Silício”, destacou:
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– Apenas 36% dos empregadores brasileiros acreditam que os formandos estão aptos e dispõem de conhecimentos adequados para atuar nas companhias. Mas se o problema está na formação de gente, as empresas também precisam adaptar-se às demandas. 85% das profissões de 2030 ainda não foram inventadas ou vão surgir pela via das transformações pelas quais várias profissões atuais vão passar.
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Em 2050, um terço dos profissionais serão autônomos. Isso cria novas tecnologias e exigirá competências técnicas e socioemocionais.
Novas relações de trabalho
O efeito disso tudo: naturalmente, serão criadas novas relações de trabalho. Por isso, as empresas precisam ser ágeis e exponenciais. As relações se dão em rede. E, para além da conexão, há o componente da velocidade.
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Em média, os trabalhadores saem de seus empregos em até cinco anos. Importante anotar que a formação de mão de obra não está mais só na escola. Neste novo contexto, é fundamental saber como se avaliar e como contratar as pessoas. Dada a lógica da rapidez a influir no cotidiano, a universidade vai desaparecer como a concebemos hoje. As pessoas serão certificadas de forma permanente, contínua, seguidamente, a cada instante. Imagino o fim dos cursos longos.
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A vez das áreas técnicas
O presidente da Pollux, José Rizzo, aborda outros aspectos:
– As pessoas têm de seguir suas vocações. Isso é positivo. O que preocupa bastante é o fato de uma pequena parcela dos jovens optar por carreiras técnicas, enquanto que o futuro dos negócios exigirá muitos e bons profissionais em áreas técnicas. É necessário reforçar: saúde e tecnologia serão os setores de trabalho mais procuradas.
Pouco apego
Em sua fala, Jefferson Oliveira, do Senai de Joinville, abordou a importância de se compreender o comportamento dessa nova geração.
– De cada dez alunos que iniciam cursos no Senai, nove são empregados em alguma empresa. Um ano depois, só dois continuam nos mesmos empregos. A maioria sai das suas áreas. Então, o problema é compreender essa nova geração, que vai viver muito tempo. Ela tem pouco apego às coisas.
Troca de emprego
Um dado impressionante trazido ao debate pela liderança do Senai: 300 mil trabalhadores trocam de emprego a cada ano na indústria catarinense.
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Elevar o valor agregado do produto da indústria de Santa Catarina também é uma exigência. O produto feito pela indústria de transformação catarinense vale de cinco a 20 dólares por quilo. Um quilo de ouro vale US$ 42 mil.
O divisor
Para o diretor de operações do Perini Business Park, Emerson Edel, o Ágora Tech Park será um divisor para a economia de Joinville e de todo o Estado. Acredita que será um case nacional pela integração plena entre a academia (representada pelo campus da UFSC); o poder público, mediante representação; e, logicamente, da iniciativa privada, elemento fundador e base do complexo empresarial multissetorial
Consequências para as cidades
O secretário de Planejamento Urbano e de Desenvolvimento Econômico de Joinville, Danilo Conti, vai além. Ele antecipa que as cidades serão afetadas pela mudança de perfil de emprego. Como consequência, haverá crise social, que desafiará o poder público. Ele identificou, ainda, que há grande desafio no ensino médio. Cinco áreas vão dominar os empregos do futuro: biotecnologia, internet industrial, logística, novos materiais e saúde.
Danilo faz uma reflexão relevante e aponta para algo pouco mencionado em falas oficiais:
– A última onda de inovação em Joinville foi com a Datasul, na década de 1990. Passaram-se 20 anos e, em 2018, o Perini aparece com foco em outro momento de inovação na cidade. Ficamos 20 anos sem produzir efetiva inovação na cidade.
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