A XP e outras corretoras de investimentos ouviram grandes investidores nesta última semana e, em seus relatórios recentes, comentaram que os donos do capital já fizeram sua escolha e apostam todas as suas fichas em Jair Bolsonaro já no primeiro turno para evitar a volta do PT ao governo. Nenhuma grande surpresa nisso. E as razões são fáceis de entender. Na falta de Geraldo Alckmin, incapaz de se viabilizar eleitoralmente, coube ao capitão do Exército encarnar os desejos da elite econômico-financeira: o aceno com reformas é vital na ótica dos empresários e investidores. Se eleito, Bolsonaro terá Paulo Guedes como seu ministro da Fazenda, um nome do "mercado".

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Esta instituição intangível chamada mercado, que tanto fascínio produz nas mentes das pessoas, considera a dupla Bolsonaro/Guedes apta a iniciar as ações e políticas transformadoras tão esperadas pelos empresários. Eles querem garantias – mínimas, que sejam – de que serão atendidos, ao menos parcialmente, em suas demandas. Sabem que a esquerda, se vitoriosa, não fará exatamente como pleiteiam.

Os investidores profissionais são experts em compreender o ambiente macroeconômico, são hábeis em se antecipar aos fatos. Por serem muito bem informados, antecipam movimentos com decisões táticas rápidas no curto prazo. Eles também têm um "feeling" apurado para enxergar lances adiante, no complexo jogo de xadrez político, no qual poucos são reis. A reação do Ibovespa, nesses últimos dias é exemplar e demonstra exatamente isso. A dianteira do candidato do PSL nas mais recentes pesquisas entusiasmou o tal "mercado".

Três comportamentos

No meio empresarial e financeiro há três tipos de comportamentos nesta reta final de primeiro turno: os cautelosos, os otimistas e os exageradamente otimistas

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Os primeiros são prudentes e geralmente não são os primeiros a decidir em momentos tensos, quando a cena política e econômica é absolutamente incerta. Demoram mais para se posicionar, evitam falar em público. Identificam Bolsonaro como possível vencedor, mas não descartam a possibilidade de Haddad sair vitorioso. Anteveem um segundo turno, onde tudo pode acontecer.

Os otimistas são esperançosos de que a condução dos fatos nos leve a um desfecho em segundo turno, mas sem os traumas imaginados por muitos. Notam que a polarização é inimiga do bom senso, mas acreditam o bom senso vai imperar no momento decisivo, evitando um rompimento institucional para o bem coletivo.

Os exageradamente otimistas anotam chance e torcem  para vitória de Bolsonaro já no primeiro turno. Esta hipótese parece ser mais fruto de desejos de o jogo terminar já neste domingo.

Neste ambiente, o essencial é a prevalência da democracia, o respeito à escolha que a população fizer nas urnas, para se afirmar valores básicos em uma sociedade civilizada. O essencial é aprender a conviver com as diferenças e lutar para que o Brasil consiga sair da crise em que está mergulhado.

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