Ele encontrou no esporte a força para superar as dificuldades. O haitiano, Gandy Millien, de 16 anos, veio de Porto Príncipe para Joinville com o pai há quase 5 anos em busca de melhores condições de vida. “Eu passei por momentos difíceis no Haiti com o terremoto em 2010. Minha madrasta já morava aqui, então meu pai resolveu me trazer”, conta o adolescente.
Continua depois da publicidade
Ele começou a participar de atividades esportivas através do Programa Eco Cidadão, da Secretária de Assistência Social. No final de 2016 durante a formatura do projeto, ele conheceu o coordenador de rendimento da Secretaria de Esporte Estevam Cattoni. Foi o momento em que surgiu a oportunidade de investir uma carreira esportiva. “O Gandy me chamou atenção pelo pela altura (1m.92cm) e por ter mostrado potencial para o esporte. Então eu o convidei para fazer parte da escolinha da Basquete do município”, revela Estevam.
Na escolinha Gandy mostrou evolução. E esse ano passou a integrar a equipe de base da Associação dos Amigos do Basquete de Joinville. Sobe o treinamento do técnico, Guilherme Roma, ele se tornou uma promessa do basquete joinvilense. “Desde que começou na equipe, ele vem se destacando em termos de desenvolvimento técnico e físico. Mas o que mais chama a atenção é a humildade e a vontade que ele tem de aprender. Por ter passado por muitas tragédias no país dele, Gandy valoriza tudo o que tem aqui em Joinville”, destaca Guilherme.
Junto com outros jogadores da equipe, ele representou a cidade em algumas competições da Federação Catarinense de Basquete Sub17. E neste primeiro ano de competições, também veio a primeira vitória, na Olimpíada Estudantil de Santa Catarina, a OLESC, realizada em dezembro nas cidades de Timbó e Indaial. “Pelo poder físico que ele tem, pela dedicação e por nunca ter desistido de qualquer bola, o Gandy foi fundamental nessa conquista da OLESC, uma competição muito importante para o basquete de Joinville nesse ano”, ressalta o técnico.
Continua depois da publicidade
Para o atleta, a competição foi marcante. “Todos os dias, depois da escola, seu seguia de bicicleta por meia hora para os treinos, tanto e dias de chuva como de sol. Eu nunca faltei, me dediquei muito e essa vitória foi muito especial, vai ficar guardada pra sempre”, destaca.
Segundo o coordenador de Basquete Kelvin Nunes Soares, a história de determinação do Gandy vem ao encontro da ideia do projeto de usar o esporte como forma de educação e instrumento de valorização e inserção social. “Eu acho que o projeto cumpre o papel que foi proposto e eu fico muito orgulhoso em ver que um menino humilde, mas muito determinado conseguiu mudar sua história, e está mudando sua situação social, através do esporte”, afirma Kelvin.
E as mudanças não param. Para 2019, Gandy recebeu uma bolsa de estudos para fazer o ensino médio em uma escola particular. “Muito importante, eu vou estudar por que pra ser bom jogador, é preciso saúde e estudo”, afirma.