Em outubro de 2009, a produtora cultural Eveline Orth trouxe Rita Lee para uma apresentação no saudoso Floripa Music Hall. Ninguém poderia imaginar que aquela seria a última vez que Rita subiria ao palco em Florianópolis. Com tipoia no braço e um pé torcido, a cantora lotou o show. Conversamos com a experiente produtora que nos contou os bastidores desta apresentação histórica pela capital catarinense. Confira o bate papo com Eveline Orth.
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Leo Coelho: Como surgiu a oportunidade de trazer Rita Lee na turnê Multishows, em 2009
Eveline Orth:O empresário da Rita Lee durante, creio eu, nos últimos trinta anos, foi Manoel Poladian. Eu sempre tive uma relação muito próxima a ele. Graças a ele eu pude fazer shows incríveis. A gente fez até um festival no CentroSul, que não me recordo o ano, com Rita Lee, Titãs e Papas na Língua no mesmo palco. Era um festival de rock.
Leo Coelho: Quais foram as exigências da cantora?
Eveline: Nada muito especial. Pedidos de tecidos, essências, pra dar um ambiente mais acolheador. Ela sempre teve um camareiro que trabalhou com ela a vida toda. Que cuidava, com bastante rigor, dos cuidados dela.
LC: Alguma bebida especial no camarim?
Evelie: Chá de camomila!
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LC: Como era a relação de Rita Lee com os músicos nos bastidores do show?
Eveline: Uma pessoa extremamente bem humorada, moleca. Uma musicista. Estabelecia uma relação muito parceirona. Até porque na banda tinha o filho e o marido. Então isso sai daquela relação distante. Esse é um ponto. E depois pela sua maneira de ser mesmo. Ligadíssima na questão musical. Como falei, era uma musicista. Era divertida. Porque ela era uma figura que aprontava, sempre. Nem eles esperavam o que ela aprontava no palco.
LC: Apesar de estar lesionada, Rita Lee se queixou da saúde?
Eveline: Muita piada. Fazia muita piada de si mesmo, por estar daquele jeito. Mas zero reclamação. Tava ali, com aquela tipoia, fazendo piada de si mesmo. Porque ela era uma pessoa que fazia piada de tudo. Acho que essa era a grande questão, que a diferenciava de todo mundo. Ela não si levava a sério.
LC: Que lembrança especial você tem daquela que viria ser a última passagem de Rita Lee por Florianópolis?
Eveline: Eu já tinha trabalhado com a Rita já em várias oportunidades, em vários momentos da carreira dela. Inclusive a gente fez Criciúma juntos. Eu não sei se a Rita fez muitas outras cidades do interior Santa Catarina. Em 2008 a gente fez Floripa e Criciúma. Em 2009 ela volta com aquele show de hits. E em 2011 ela iria voltar com a turnê (meio) de despedida. E acabou não rolando porque ela reduziu os shows todos. E ela fez em 2012 o encerramento da turnê. O que tem pra mim especial em relação a essa vinda dela nesta turnê de 2009, é que eu nunca tinha falado pra ela, que eu tinha conhecido quando ela teve uma overdose em 1983. Nesta época eu trabalhava numa clinica psiquiatra em São Paulo, na Clínica Tobias. E a Rita ficou internada lá. Porque ela foi fazer desintoxicação. E pela primeira eu contei isso pra ela. E pela primeira eu contei isso pra ela. Eu te conheci assim, e tal. E aí foi muito legal. Porque ela tinha uma memória – por incrível que pareça – muito positiva daquele momento, que foi a virada de chave inclusive dela. Porque a partir dali ela parou com drogas pesadas. Ela lembrava que tinha musicoterapia. Que ela tocava, fazia aula de música com terapeuta. Enfim! Foi uma coisa que fugia completamente daquela relação de produtora, simplesmente a produtora local. Porque eu a tinha visto num momento de muita fragilidade. Foi muito emocionante para as duas falar daquele momento.
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