Infelizmente a previsão foi confirmada: estamos à beira do colapso e os próximos dias serão de muita dor e perdas. Porém, antes dessas brigas e discussões tão inflamadas e tão exploradas politicamente nos dias atuais, devemos analisar o significado desse substantivo masculino, colapso, que na patologia significa: “estado semelhante ao choque, caracterizado por prostração extrema”. Já na medicina o termo define “achatamento conjunto das paredes de uma estrutura”. No sentido figurado, que é o caso, se aplica a derrocada, desmoronamento, ruína, situação que começamos a viver a partir de agora, por causa de uma pandemia, “enfermidade epidêmica amplamente disseminada”.

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Talvez seja difícil, ou mais complicado, no meio de tudo isso enxergarmos o óbvio. Com nervos à flor da pele e o caos instalado, a cegueira pode acentuar-se. Previsível. Bastava olharmos um pouco além do nosso umbigo. Precisaríamos ter empatia com outros povos e não achar que nós, brasileiros, somos diferentes dos demais mortais da humanidade.

A pandemia exige um comportamento específico indiscutível, acima de qualquer questionamento: cuidar, zelar e priorizar a saúde. Mas nós, brasileiros especiais, achávamos que aqui seria diferente… 

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O curioso é que escolhemos não enxergar os sinais externos, vindos de países muito mais avançados do que nós! Nas festas de fim de ano, quando por aqui a queixa era: “Ninguém aguenta mais ficar em casa”, o Reino Unido promovia mais um lockdown. Logo a terra de Sua Majestade, país de primeiro mundo, que já iniciava a vacinação, com um sistema de saúde invejável, com pesquisadores das Universidades de Oxford e Cambridge trabalhando incessantemente em pesquisas, dava sinais claros de que o problema se agravaria. Mas nós, brasileiros especiais, achávamos que aqui seria diferente…

Nem as lições do passado, evocadas pela mídia quando falava do temido Covid-19, nos alertaram. Acreditávamos que esta não seria uma pandemia trágica como a da Gripe Espanhola, que iniciou em 1918 e matou entre 40 e 50 milhões de pessoas ao redor do mundo. E, com esse pensamento, subestimávamos a atual pandemia. Simplesmente porque é mais fácil apontar o dedo, colocar a culpa no outro. As soluções sugeridas foram muitas: isolar os idosos, ficar em casa, não usar máscaras, aumentar o número de leitos de UTI, instalar hospitais de campanha… Entretanto, não há uma receita pronta, uma conclusão prática. Todo mundo ficou no exercício do ensaio e erro. Devemos entender que o momento é delicado. Devemos assumir nosso papel com responsabilidade. A pandemia não acabou!

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Somos milhões de catarinenses, e se todos ficarem doentes ao mesmo tempo não há sistema de saúde que comporte a demanda. País algum, por mais rico, avançado e bem equipado que seja, tem condição de atender um grande volume de doentes demandando internação. A Covid-19 está entre nós e – infelizmente – permanecerá por aqui ainda por tempo indeterminado. Vamos parar de apontar o dedo para o outro, vamos assumir a nossa responsabilidade. Tudo isso vai passar. Porém, agora, é fundamental cada um cuidar de si e de seus entes queridos.