A catarinense Camila Rosa, que é uma das grandes artistas e ilustradora brasileira da atualidade, foi escolhida como uma das embaixadoras da campanha global da Vans, marca original de tênis, vestuário e acessórios para action sports. Natural de Joinville, Camila começou sua vida como artista em 2010 através de um coletivo feminino de arte de rua e desde então tem trabalhado mundialmente em publicidade, editorial, exposições de arte, moda, beleza e design gráfico.
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Nessa temporada, a marca se une à artista catarinense Camila Rosa, além dos globais Christopher Martin e Olivia Krause, para celebrar o tênis Old Skool em campanha global. Com o mote “Make your own lane”, os três embaixadores exploram e capturam imagens inspiradas em suas raízes, bem como nas emoções humanas, por meio da expressão criativa e meios artísticos diversos.
Morando atualmente em São Paulo, a coluna conversou – com exclusividade – com a catarinense que já trabalhou com grandes empresas, como Apple, Instagram, Netflix, The New York Times, The Wall Street Journal.
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Confira o bate papo!

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Leo Coelho: Como o desenho e a ilustração entraram na sua vida?
Camila Rosa: A ilustração entrou na minha vida em 2010, através de um coletivo de Street Art chamado Coletivo Chá com outras 4 amigas em Joinville. Foi meu primeiro contato com ilustração e desenho de uma forma mais séria e com propósito. Na época a gente produzia lambe-lambes e colava pela cidade, também ministrava workshops em Universidades e escolas e essas atividades me fizeram perceber que a arte poderia ser um caminho possível como escolha profissional. Na época eu já era designer, e foi depois de alguns anos de coletivo que eu decidi que o eu queria para o meu futuro mesmo era viver de ilustração e arte.
Leo Coelho: Como foi sair da sua cidade natal e expandir os horizontes em São Paulo?
Camila Rosa: Em 2012 eu me mudei para São Paulo em busca de novas oportunidades, mas não aguentei muito tempo, fiquei apenas 1 ano. Nesse meio tempo, morei em Curitiba e depois tive a oportunidade de morar 1 ano e meio em Nova York. Quando voltei para o Brasil, minha primeira escolha novamente foi São Paulo. Então desde 2018 que estou morando aqui, agora pela segunda vez, com muito mais experiência e entendimento do que a cidade pode me proporcionar. Na primeira vez que vim pra cá era tudo muito novo e muito diferente de Joinville e isso me assustou bastante, por isso não aguentei muito. Mas a cidade é perfeita para você conhecer novas pessoas, fazer contatos na sua área, participar de eventos que só acontecem aqui, realmente é expandir o horizonte e se mostrar para o mundo. Acho SP perfeita para isso e hoje pra mim é essencial morar por aqui.
Leo Coelho: Qual foi seu primeiro trabalho de grande retorno?
Camila Rosa: Meu primeiro trabalho que trouxe um retorno profissional, não tanto financeiramente, mas que abriu as portas para mais trabalhos para o mercado internacional e que entregou meu nome para muita gente, foi um projeto de 3 ilustrações que produzi para o portal feminino Refinery29 dos Estados Unidos. Esse trabalho foi a oportunidade que eu precisava para mostrar meu trabalho para um maior número de pessoas e fazer das minhas redes sociais um suporte de divulgação das minhas produções. Depois dele, eu nunca mais parei ou fiquei sem projetos.
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Leo Coelho: No seu trabalho, há muitas mensagens sobre feminismo e veganismo, são temas que sempre estiveram presentes na sua vida?
Camila Rosa: O Feminismo e o Veganismo entraram na minha vida na minha adolescência, entre os 13 e 16 anos. Ambos vieram através do meu envolvimento com a cena punk/hardcore/underground que já debatia esses temas dentro de shows, através de músicas, palestras, zines e outros meios. Decidi ser vegana com 16 anos e nessa época já me considerava feminista. Eu sempre falo que demorou um pouco para eu entender que poderia colocar esses temas nas minhas ilustrações, mas depois que introduzi eles nos meus trabalhos, foi quando eu realmente me encontrei como artista e também foi quando a minha identidade, o meu traço e o meu universo se construíram dentro do meu trabalho. É um processo muito pessoal e hoje acho muito legal perceber que algo que me influenciou há tanto tempo, é parte essencial do que eu produzo e do que as pessoas também identificam ao verem as minhas ilustrações.
Leo Coelho: Na sua trajetória, quais foram seus trabalhos mais marcantes?
Camila Rosa: Tiveram vários. Mas tenho muito carinho e orgulho do meu trabalho para o The Wall Street Journal, que foi uma oportunidade incrível de participar de um evento produzido por eles com um cartaz meu. Também gosto muito do sticker que fiz para o Instagram ano passado para celebrar o mês do Orgulho Latino, representar o Brasil nesse projeto foi muito importante para mim e para a minha carreira. E um mais recente, que foi a ilustração para o The New York Times, que era um sonho desde o início da minha carreira e que se concretizou no começo desse ano. Além desses, eu guardo com muito carinho o livro que eu participei chamado “I Am a Rebel Girl: A Journal to Start Revolutions” que é um livro com temas super importantes para a criação de um senso político para crianças, e também o primeiro mural que pintei profissionalmente, em uma feira de arte chamada “The Other Art Fair” que aconteceu no Brooklyn em 2019.

Leo Coelho: Como foi para você receber o convite da Vans para ser uma das embaixadoras da campanha, representando o Brasil? Já existia uma relação sua com a marca?
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Camila Rosa: Foi incrível, uma honra! Eu sempre admirei muito a Vans e sempre foi uma marca que eu usei. Sempre tive uma ligação maior com a marca porque admirava muito esse elo que eles têm com o underground, com a cena alternativa. Desde o apoio com bandas, com o skate, enfim, sempre foi o universo do qual eu fazia parte, então essa conexão sempre existiu. Mas ser chamada para ser embaixadora é outro sentimento, é realmente sentir que agora eu faço parte da família e o mais legal é saber que foi o meu trabalho que me proporcionou isso. É uma realização e um orgulho da minha trajetória até aqui.
Leo Coelho: Quais são os próximos passos da sua carreira? Prevê algo acontecendo em Joinville?
Camila Rosa: No momento eu estou me dedicando muito para o desenvolvimento maior do meu trabalho como artista visual. Pintura de quadros, participação em exposições, pintura de murais. É isso que planejo para os próximos anos, desenvolver mais o meu trabalho autoral em suportes não digitais. E por enquanto eu não tenho nada previsto para acontecer em Joinville, e por conta da pandemia, fui poucas vezes para a cidade, mas eu espero que em 2022 eu consiga ir com mais frequência para lá e também para participar de projetos profissionais. É sempre uma alegria ter meu trabalho na cidade que me criou e que é parte também da minha identidade.