Por Renan Medeiros, interino*

Os 127 anos de colonização italiana, comemorados nesta quarta-feira (18), trouxeram à tona um velho debate em Siderópolis: a mudança do nome do município para Nova Belluno, como era conhecido o distrito nos primeiros 52 anos. Desta vez, a discussão pode ir adiante e sair do papel. O prefeito, Hélio Cesa (o “Alemão”, PMDB) solicitou à Procuradoria-Geral do Município um estudo sobre o que pode ser feito juridicamente para resgatar a identidade original.

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A ideia encontra resistência entre os mais jovens, já identificados com o nome Siderópolis, mas tem o apoio dos mais saudosos e de associações que representam os descendentes de italianos. O próprio prefeito já se manifestou de forma favorável à inclusão do nome antigo ao atual, algo como “Belluno-Siderópolis”.

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— Como bisneto de fundador, não poderia deixar passar a oportunidade de promover esse debate. A mudança do nome, em 1943, durante a Ditadura Vargas, se deu de forma muito traumática, para os antepassados, que foram até proibidos de falar italiano em público. Mas não queremos aflorar esse sentimento negativo, e sim homenagear os colonizadores — justifica Alemão.

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Ele acredita que o retorno ao nome antigo também possa alavancar o turismo no município, em parceria com os vizinhos também italianos Treviso e Nova Veneza. O prefeito quer um debate protagonizado pela sociedade civil organizada e prefere evitar um plebiscito, se possível.

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— A Lei Orgânica de Siderópolis, de 1990, determina que seja feito um plebiscito para a escolha do nome, mas não queremos criar conflito — diz o prefeito.

Herança da Segunda Guerra

Até a Segunda Guerra Mundial, o distrito do Sul Catarinense era conhecido como Nova Belluno. Mas, em 1943, o então interventor de Santa Catarina, Nereu Ramos, decretou a mudança do nome do distrito para Siderópolis.

A intenção do interventor, nomeado por Getúlio Vargas, era cortar os vínculos culturais com os países adversários na guerra, incluindo italianos e alemães. O novo nome foi inspirado na presença da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na cidade.

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Em 1958, quando o distrito estava por se emancipar de Urussanga e com a guerra já no passado, os vereadores até discutiram a possibilidade de que o novo município se chamasse Nova Belluno, mas Siderópolis acabou prevalecendo.

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