Produtores de arroz do Sul do Estado organizam-se para cobrar do poder público ações concretas em relação à atividade. A cada ano, a área plantada diminui, e os agricultores estão preocupados. Nesta semana eles se reuniram e elaboraram um documento a ser entregue a lideranças do setor e ao governo catarinense.
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Entre os pedidos estão ações imediatas ligadas ao governo federal, como a realizações de leilões de compra do estoque e suspensão de dívidas de custeio, até que a atividade comece a se recuperar. Cerca de 2 mil rizicultores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul participaram de reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz, em Turvo. Segundo dados do setor, o custo de produção da saca de 50 quilos ultrapassa R$ 40, enquanto o preço de comercialização ao produtor está em R$ 31.
O deputado estadual José Milton Scheffer (PP), coordenador da Câmara Setorial, disse que entregará a carta ao governador. Ele defende que o arroz catarinense tenha isenção de ICMS na safra deste ano, para competir com os grãos vindos dos países do Mercosul. Zé Milton explica que os arrozeiros foram em busca de tecnologias e ampliaram a produtividade, mas sofrem com a pesada carga tributária.
Entre os fatores que agravam a crise estão o excesso de oferta, consumo estagnado, preços que não cobrem o valor de produção, preço mínimo abaixo dos custos, endividamento de produtores, inadimplência alta e importação do arroz. Os produtores esperam, ainda, que as mesmas barreiras fitossanitárias exigidas em SC sejam aplicadas ao arroz produzido fora do país, que chega a utilizar agroquímicos proibidos no Brasil.
O arroz é a cultura que mais perde área de plantio no Brasil. De 6 milhões de hectares nas safras de 20 anos atrás, hoje a área cultivada é de 1,9 milhão de hectares.
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Venda para regular mercado
Após a mobilização dos rizicultores de SC e RS, o deputado federal Ronaldo Benedet (PMDB) procurou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para solicitar ao governo medidas urgentes. O Conselho Interministerial de Estoques Públicos, formado pelos ministérios da Fazenda, da Agricultura e Planejamento, deve discutir a aquisição de 300 mil toneladas de arroz para que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tenha estoque e possa vendê-lo na hora certa a fim de regularizar o mercado consumidor.
Em janeiro, o governo federal garantiu que deve disponibilizar cerca de R$ 100 milhões para escoar a produção de arroz no país. A expectativa é de que os leilões sejam realizados neste mês.