O Hospital Regional de Araranguá, ocupado pelos funcionários desde a tarde de domingo, está com o atendimento suspenso e sem pacientes internados. A crise na unidade se agravou no início do mês passado, quando os trabalhadores entraram em greve por falta de pagamento de salários por parte da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). A Secretaria de Saúde do Estado rompeu o contrato com a gestora, mas o Instituto Desenvolvimento Ensino e Assistência a Saúde (Ideas) ainda não conseguiu assumir o hospital.

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Segundo o advogado do instituto, Caetano Dias Corrêa, a organização aguarda a desocupação voluntária do hospital para poder tomar posse. Caso isso não ocorra nos próximos dias, será solicitado o cumprimento da imissão de posse, determinado pela juíza Leticia Pavei Cachoeira na semana passada. 

– Existe a obstrução física que os funcionários estão fazendo, é uma questão delicada lidar com isso. O Ideas precisa da liberação do local para que possa colocá-lo de novo para funcionar e contratar os funcionários. O Ideas tem que fazer um processo seletivo, é um novo contrato de trabalho. Atualmente não há funcionários do Ideias no hospital, o caráter trabalhista desta ocupação não existe – explica Corrêa.

O contrato com o Ideas foi assinado em 22 de dezembro, mas até agora o instituto não conseguiu assumir o hospital. A gestão será em caráter emergencial por seis meses, no valor de R$ 3,6 milhões mensais. Outros hospitais de região têm sentido o impacto da falta de atendimento no extremo-sul. Em Içara, a maternidade do Hospital São Donato já realizou 30 partos nos cinco primeiros dias do ano, sendo 33,3% de moradoras da região de Araranguá.

Trabalhadores sem garantias

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Os salários atrasados foram pagos pela SPDM dia 26 de dezembro, porém com a nomeação do Ideas, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Criciúma e Região (Sindisaúde) está preocupado com a manutenção dos empregos. Atualmente são 535 funcionários, mas o edital do processo seletivo publicado pelo instituto oferece somente 295 vagas. Segundo a justificativa, o edital tem caráter emergencial e não restringe o número de colaboradores, sendo esta primeira fase de contratação.

– Eles falam em contratar pouco mais da metade do corpo de funcionários que tem hoje, sem nenhuma explicação para nós, sem diálogo. Como o rompimento do Estado com a SPDM foi unilateral, sem aviso prévio, eles não querem fazer a rescisão dos trabalhadores e, por outro lado, o Ideas não assume esses funcionários como responsabilidade deles – explicou o diretor-tesoureiro do sindicato, Cleber Ricardo da Silva Candido.

 

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