* Por Renan Medeiros, interino.

Com 19 anos de idade, quase nenhuma experiência prévia e nem formação acadêmica, a filha de um ex-vice-prefeito de Içara, no Sul do Estado, ocupava um cargo de gerência na Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Criciúma. Maria Luiza de Souza Zanolli, filha de José Zanolli (PSD), era gerente de políticas econômicas, rurais e urbanas. Ela foi exonerada pelo governador, Eduardo Pinho Moreira (PMDB), que anunciou uma série de cortes em cargos comissionados e funções gratificadas no início desta semana.

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Maria Luiza é estudante de Direito e ocupava o cargo comissionado desde dezembro do ano passado, quando foi contratada por indicação do PSD e passou a fazer jus a uma remuneração bruta de aproximadamente R$ 6 mil por mês.

De acordo com o secretário-executivo da ADR de Criciúma, João Fabris, é comum que cargos comissionados sejam preenchidos sem exigência de qualificação. 

— Quem tem que fazer isso (avaliar a qualificação para o cargo) é quem indicou. Eu cumpro o que é determinado. Se há cota de algum partido e é feita a solicitação, eu tenho que fazer a nomeação — explicou Fabris.

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Segundo ele, uma das funções da jovem de 19 anos era intermediar contratos e financiamentos de agricultores entre a Epagri e a Secretaria de Estado de Agricultura. Ele explica que a maioria dos cargos comissionados tinham indicação política.

A reportagem tentou fazer contato com o ex-prefeito Zanolli, mas o celular dele estava desligado no momento das ligações.

O pai de Maria Luiza é o presidente do PSD em Içara. Quase todos os exonerados na ADR de Criciúma tinham vínculo com algum partido político. Também é o caso, por exemplo, do vereador Darlan Carpes (PP), de Içara, que perdeu a função gratificada de supervisor de Gestão de Pessoas; de Nelson da Silva (PMDB), ex-vereador de Cocal do Sul, exonerado da Gerência de Gestão de Convênios; e Fabiana do Amaral (PSD), ex-ocupante da função gratificada de “integradora educacional” e esposa do vereador içarense Márcio Dalmolim, que foi afastado do cargo por um processo criminal ao qual responde.

Ao todo, 14 cargos foram extintos na ADR de Criciúma. O ato do governador também extinguiu cargos nas outras agências. No total, 180 postos foram encerrados. A medida, de acordo com o Estado, é pra economizar. Em fevereiro 189 cargos comissionados já tinham sido extintos.

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Governo do Estado anuncia corte de cargos comissionados e revisão de contratos para reduzir gastos