Por Renan Medeiros, interino*

Diabético e com problemas no coração, o aposentado Amilton Luiz, morador de Criciúma, está desde novembro aguardando uma consulta com um endocrinologista pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com pelo menos 1 mil pessoas na fila na frente dele, ainda não sabe quando será atendido pelo médico especialista.

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— Já gasto R$ 1 mil de medicamentos por mês. Se eu pagar consulta, tudo o que vier depois será por minha conta. Por isso preciso que seja pelo SUS — frisa o aposentado.

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Uma discussão sobre o problema das filas de espera para consultas, exames e cirurgias em diversas especialidades foi iniciada na Câmara de Vereadores de Criciúma há aproximadamente um mês e resultou numa “força-tarefa” para solucionar a situação. Ainda que a existência do problema seja reconhecida por todas as partes envolvidas, ainda não há um diagnóstico definitivo quanto às causas.

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Qual o motivo das filas?

Para a Prefeitura, uma das origens das filas é o excesso de faltas de pacientes aos compromissos agendados. Nos primeiros quatro meses de 2018, o número de faltantes a consultas marcadas em Criciúma chegou a mais de 7 mil. Em algumas especialidades, mais da metade dos pacientes deixam de comparecer.

Outra avaliação é que as filas se formam quando uma dessas etapas não é resolvida em tempo adequado.

— O município investe recursos, mas precisa que haja um comprometimento do Estado, para que o paciente faça a consulta, o exame e não precise esperar tanto para a realização de uma cirurgia. Se essa espera for muito longa, o exame perde a validade, precisando ser refeito, e o paciente volta para a fila de espera — explica a secretária de Saúde, Francielle Gava.

De acordo com levantamento feito pela Secretaria Municipal, aproximadamente dois terços dos agendamentos para consultas têm espera de menos de dois meses, número que é semelhante quando se trata dos exames.

Estado garante esforço

O secretário estadual de Saúde, Acélio Casagrande, receberá os vereadores criciumenses em audiência na próxima segunda-feira (28), mas já antecipa que o “gargalo” do fluxo de pacientes não está nos serviços de responsabilidade do Governo do Estado.

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— O Estado está fazendo a parte dele e muito bem feita. Estamos fazendo vários mutirões, tanto que já estamos zerando a fila de espera por cirurgia de catarata. As outras já estão no nosso planejamento desde o início do ano — garante Casagrande. O secretário acrescenta que os hospitais da região vocacionados para especialidades cirúrgicas estão com contratos ampliados a fim de atender a demanda.

O vereador que levantou o debate, Paulo Ferrarezi, considerou positiva a mobilização para que o problema seja discutido e resolvido.

— Esperamos que, em breve, tenhamos a solução. Nosso objetivo é fiscalizar e buscar uma solução para os problemas — diz.

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