Um local para receber adolescentes com dependência química e oferecer opções de lazer, atendimento psicológico e de saúde, era o que a comunidade do Loteamento Eliza, em Criciúma, almejava. Porém, o Centro Regional de Referência e Estudos para a Recuperação de Dependentes Químicos Infanto-Juvenis, pronto há mais de dois anos, nunca iniciou as atividades. Hoje, ele é utilizado com o propósito oposto, virou alvo de vandalismo e ponto para uso de drogas.

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— Seria para atender jovens e adolescentes para tratamento químico, aqui eles teriam atendimento psicossocial, espiritual, oficinas, entre outros. Ninguém resolve nada e o Centro de Referência, que era pra cuidar dependentes químicos, hoje serve de refúgio para eles virem para cá, usar drogas, quebrar e depredar — lamenta Jairo Machado, presidente da associação de moradores.

O prédio fica no bairro São Sebastião e custou R$ 532 mil aos cofres públicos. Meio milhão veio do governo federal, pelo Ministério da Justiça, e o restante foi investimento do Fundo Municipal de Saúde. O espaço foi pensado para atender adolescentes de 12 a 17 anos, mas devido ao abandono, já foi furtado inúmeras vezes. O que tinha de equipamento e mobiliário foi levado, e ninguém sabe dizer de quem é a responsabilidade. A prefeitura de Criciúma foi procurada para falar sobre o centro, mas disse que não iria se manifestar por enquanto. O Executivo tem até o início do mês que vem para respondeu à requisição da Câmara de Vereadores sobre o assunto, depois do pedido enviado pela Comissão de Educação e Saúde da casa. 

— Nós solicitamos algumas informações importantes a respeito da empresa que ganhou a licitação, valor, informações sobre o patrimônio que está sendo depredado, roubado, e quem é o responsável? — questiona José Paulo Ferrarezi (MDB), vereador e presidente da comissão.

Em 2012, quando o recurso foi liberado, o prefeito era Clésio Salvaro, que está novamente no cargo. Já a obra foi entregue na gestão do prefeito Márcio Búrigo, e uma empresa chegou a ser contratada para fazer a gestão do local. Os vereadores também querem saber por que esse contrato não foi cumprido. O local já foi mobiliado e saqueado pelo menos duas vezes, e para começar a funcionar, teria que ser estruturado mais uma vez.

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— Os danos causados pelos furtos e pela depredação pode ter certeza que já ultrapassam os R$ 300 mil —  estima o vereador Jair Alexandre (PSC). 

Ministério ainda não se manifestou

O Centro de Referência foi construído com recursos da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), vinculada ao Ministério da Justiça. A pasta foi procurada para mais informações sobre a verba liberada, se sabia das condições do local e se fazia o acompanhamento dos recursos. Em resposta, a assessoria de imprensa da Secretaria solicitou um prazo maior para fazer o levantamento da questão e se posicionar. Além da resposta da prefeitura, a comissão do Legislativo solicitou um prazo para início dos trabalhos de atendimento, a divulgação de quais empresas ficaram mais bem colocadas no processo licitatório, além dos documentos apresentados por elas, para análise. Os vereadores também querem saber quem é o responsável pela segurança do patrimônio público, tanto do prédio quanto dos equipamentos.

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