Há exatos 3 meses, cada vez que iniciamos uma edição do Jornal do Almoço, juro que me dói na alma ter que compartilhar com o nosso telespectador o número de mortos por Covid-19, uma curva que não perdoa e, via de regra, só vemos crescer. Por mim, só falaria no número de recuperados, de gente que recomeça uma nova vida depois de passar por esse grande desafio… Mas, existe uma realidade para a qual não podemos fechar os olhos – e, mais importante ainda, com a qual não podemos nos acostumar. 

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Sim, acostumar! A neurociência explica que o nosso cérebro se acostuma ao que é submetido, por um certo número de dias seguidos: é quando formamos nossos hábitos. Em pouco tempo, por exemplo, o que era assustador no começo, vai se tornando normal. E, na situação em quem vivemos agora, de tanto ver e ouvir sobre vítimas do coronavírus, acabamos entrando no “automático” e transformando milhares e milhares de pessoas que se foram, famílias que sofrem suas perdas, em meros números. 

Novamente não! Não precisamos esperar que isso aconteça bem perto da gente, conosco, com quem amamos, pra então sentir que se tratam de seres humanos, com histórias, caminhadas e legados únicos – e que a falta deles dói, e muito! Por isso, peço licença pra compartilhar com você o texto, na minha opinião genial, de autoria dos amigos de Jornal do Almoço Dener Alano, nosso editor de texto, e Luciana Correa, nossa editora chefe, que tive a honra de interpretar na edição desta quinta-feira, ao encerrarmos nossa edição. Eles souberam traduzir muito bem o que eu, e que todos nós da NSC, sentimos, neste momento:

“E hoje – 25 de março – fazemos questão de homenagear as pessoas que perderam a vida aqui no nosso estado para a covid-19. É que o dia de hoje marca os 3 meses da primeira morte registrada em Santa Catarina pelo vírus. De lá pra cá, já foram 279 vítimas. Só ontem foram 16 – aliás, a quarta-feira foi o dia com o maior número de vítimas em apenas 24 horas desde o início da pandemia no estado. Pessoas que nós não sabemos as profissões, paixões, sonhos, desejos e medos, mas isso não nos impede de sentir pela dor de quem conhecia essas pessoas.

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Certamente nós ficamos felizes pelos recuperados, celebramos a luta de quem venceu. E não foram poucos os vencedores, são milhares de catarinenses curados desde o início da pandemia. Nós aplaudimos de longe quem depois de semanas deixou leitos de UTI’s e voltou para casa. Mas isso não nos faz esquecer de quem não conseguiu. São quase 300 mortes em três meses e isso é sim uma tragédia.

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Pessoas que com ou sem comorbidades tiveram as vidas abreviadas, interrompidas. São pessoas que tinham planos e desejos e tinham amores. E eram amores de outras pessoas. Dia a dia nós mostramos aqui os números crescendo, mas é importante repetir: não são números, são vidas e uma vida é inumerável”.

Assista ao vídeo completo do encerramento do Jornal do Almoço desta quinta-feira no Globoplay