*Por Paulo de Tarso Guilhon
Em entrevista ao JB, em 1992, Tom Jobim contou que Roberto Campos disse a ele que há países pobres em recursos, mas com vocação para a riqueza, como o Japão, e há outros ricos em recursos, mas com vocação para a pobreza, como o Brasil.
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São inúmeros os desafios do Brasil para se tornar uma nação desenvolvida e reduzir a desigualdade social. Meu avô, nascido no século retrasado, dizia para meu pai, nascido no século passado, que o Brasil era o país do futuro, frase que meu pai, também me disse. Espero poder dizer aos meus netos que o Brasil tem tudo para mudar agora nossa vocação. É preciso vencer os desafios e fazer com que nossa produtividade seja elevada em Tom maior.
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A produtividade, que depende de nossos recursos, como terra, capital, trabalho e ainda tecnologia e capacidade de empreender, no Brasil, é pior do que era em 1994, como aponta estudo do Observatório da Indústria. Em outras palavras, em quase 25 anos, a capacidade brasileira de transformar recursos em bens e serviços não evoluiu.
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A produtividade mede se um país utiliza seus recursos com eficiência para produzir bens e serviços. Nossa produtividade equivalia a 28% daquela dos EUA, em 1960. Em 1980, aumentou para quase 40%. Nestes 20 anos, nossa economia experimentou um surto de crescimento invejável. Contudo, aferida em 2015, nossa produtividade era 24% da dos americanos. É como se fossem precisos mais de 4 trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um filho do Tio Sam. A relação recuou para nível inferior ao de 1960.
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A diferença da produtividade entre os Estados se encontra na matriz produtiva. Santa Catarina é o segundo Estado mais competitivo do Brasil. Bahia é o 20º. Contudo, enquanto nossa produtividade, segundo o Observatório da Indústria, é de R$ 89 mil por trabalhador, a da Bahia é de R$ 199 mil. A diferença reside na matriz produtiva.
Crescer renda sem aumento da produtividade é insustentável. Quando uma população é jovem, o país tem sua força laboral aumentada e a produtividade cresce no embalo do número de trabalhadores, desde que o mercado esteja em alta para absorver os que demandam trabalho.
No Brasil, segundo o IBGE, encerrou-se este ano o bônus demográfico, que é o período em que a força de trabalho disponível está a todo vapor. Conjugado com um mercado dilapidado pela irresponsabilidade de governos populistas, o Brasil terá que focar em inovação tecnológica para aumentar nossa produtividade, o que torna inadiável educação de qualidade.
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*Paulo de Tarso Guilhon é economista.