*Por Maria Teresa Bustamante
A política externa de um país se caracteriza pela forma que os governos decidem se inserir no universo das relações com outros países, seus governos e o direcionamento com que os negócios serão conduzidos. Para isso, é necessário formular a política externa que será aplicada dentro do conjunto de interações a serem realizadas, perpassando desde ações de cooperação até os momentos de tensão e distensão surgidos no mundo conhecido como política internacional mundial.
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Em um recorte histórico, a política externa praticada pelo Brasil a partir da década de 1990 no governo de Fernando Collor de Melo, governante qualificado como neoliberal e guiado pelos princípios do regionalismo aberto.
Desse modo, a política externa do Brasil na década de 1990 buscava alinhamento com os Estados Unidos favorecendo o desenvolvimento industrial e ampliando a capacidade competitiva no setor da agricultura. Collor também deu uma guinada para uma relação externa política e econômica com os países fronteiriços em que o resultante foi a consolidação e a efetiva criação do Mercosul. Desde essa época com os devidos altos e baixos, a relação comercial com os países fronteiriços está pautada pelos mecanismos de integração regional, especificamente o Mercosul.
No governo do presidente FHC (1995-2003), nos seus dois mandatos, com os chanceleres Lampreia e Lafer, a agenda diplomática e comercial foi intensificada. O Mercosul adquiriu robustez institucional, as negociações para a conformação da Área de Livre Comércio nas Américas (Alca) eram intensas, a ação multilateral tanto na OMC quanto na ONU detinha prioridade frente ao unilateralismo ou bilateralismo, bem como os novos temas (democracia, direitos humanos, meio ambiente, direitos sociais) fizeram parte de uma política externa que demarcava o Brasil como global player.
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O governo Lula (2003-2011), orientado pelo chanceler Celso Amorim durante os dois mandatos, priorizou investir na Cooperação Sul-Sul, ou seja, voltada para maior aproximação com o continente africano, sul-americano ao mesmo tempo em que ao retirar o Brasil da tentativa Alca provocou seu encerramento. Sob a presidência de Dilma Rousseff (2011-2016), a política externa simplesmente paralisou. Atualmente, o presidente Temer retomou a relação com a Argentina com vistas a aprofundar o Mercosul e decidiu se alinhar com os Estados Unidos, a União Europeia e a China.
O presidente eleito Jair Bolsonaro e o chanceler nomeado Ernesto Araújo sinalizam com mudanças bruscas no relacionamento com a China (maior comprador de produtos brasileiros e maior investidor estrangeiro no Brasil) e o Mercosul ao mesmo tempo em que expressam a tendência de reacomodar a política externa com os Estados Unidos. Assim, na política externa, cabe observar se a dinâmica da tradição diplomática brasileira prevalecerá ou se haverá uma ruptura significativa no tratamento com parceiros tradicionais.
Maria Teresa Bustamante é Doutora em Administração e Consultora em Comércio Exterior.
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