*Por Paulo de Tarso Guilhon

Escoar a riqueza nos remete para a um sistema intermodal de transporte com um complexo ferroviário que distribua insumos e produtos por caminhos seguros e a custos competitivos. Igualmente importante é a recuperação imediata de nossas rodovias e a utilização de hidrovias. Leva tempo e recursos que não temos.

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Segundo o World Economic Forum, o Brasil ocupa a 80ª colocação no ranking da competitividade. Reverter esta condição passa pela redução do custo Brasil e, também, pelo reconhecimento de que a diplomacia pode contribuir na resolução de nossos problemas.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e de Santa Catarina. Dados disponíveis do Observatório da Fiesc mostram que, nos primeiros nove meses deste ano, a China foi nosso principal parceiro comercial. O comércio de Santa Catarina com a China movimentou mais de US$ 18 bilhões.

A China absorve, aproximadamente, 35% da exportação catarinense de carne suína. Igualmente, é importante destacar que a região Sul do Brasil é responsável por 60% da produção de frangos do país, segundo dados da Epegri. O Oeste de Santa Catarina concentra 80% da produção de todo o Estado e conta com incontáveis empresas de cunho familiar.

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A questão conjuntural da variação do preço do milho, que é um insumo necessário para a produção avícola e suína, impacta toda a cadeia produtiva agroindustrial e pode resultar em danos irreversíveis para o setor se não for resolvida. Trazer o milho de outras regiões do país para Santa Catarina, a preços competitivos, é o desafio.

A diplomacia deve pensar em um sistema ferroviário que abrigue o capital e a experiência chinesa em construção de infraestrutura de forma rápida. Indispensável estudar uma concessão que, preservando a soberania nacional, abrigue não só os interesses da região Sul do Brasil, mas de todo o país. Resolveria problema secular e tornaria o Brasil muito mais competitivo. Tema para diplomatas e não para burocratas.

A diplomacia brasileira negociou a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em troca da instalação de uma base aérea americana, em Natal, na 2a Grande Guerra. A disputa, hoje, é econômica e representa a sobrevivência e sustentabilidade de milhares de negócios instalados em solo brasileiro, principalmente os de menor dimensão.

É fundamental que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, cerque-se dos melhores quadros do Itamaraty para reverter o que andou falando sobre as relações exteriores do Brasil. Questão de competitividade.

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*Paulo de Tarso Guilhon é economista

 

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