*Por Daniel Leipnitz

“Se você quiser mudar o mundo, comece arrumando a sua cama. Arrumar a sua cama todos os dias também reforçará o fato de que as pequenas coisas da vida importam. Se você não consegue fazer as pequenas coisas direito, você nunca será capaz de fazer as grandes coisas direito. Uma cama arrumada lhe dará esperança de que o amanhã será melhor.” Acredito veementemente nestas palavras do ex- almirante William H. McRaven, que também foi seal da Marinha americana.

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Reforço que pequenas mudanças podem causar grande impacto nas nossas famílias, na nossa cidade, no Estado e no país. Um dos exemplos mais emblemáticos era Nova York na década de 1980, uma cidade completamente decadente, insegura e dominada pelo crime. Procurava-se uma grande solução para um grande problema: talvez a redução das desigualdades, na reformulação total do serviço social, soluções complexas, demoradas e difíceis.

Ao invés disso, decidiram focar em pequenas violações que ocorriam no metrô, encontrar forma de limpar rapidamente as pichações, bem como não deixar que as pessoas entrassem nos veículos sem pagar. Nenhum trem mais saía sem que estivesse completamente limpo. Somente isso reduziu 75% todas as infrações que aconteciam no metrô. Tais iniciativas foram desdobradas para outros setores da cidade, o que ajudou a reduzir a criminalidade em 50% em todas as partes – os assassinatos diminuíram em mais de 60%.

O que isso tem a ver com inovação, ciência e tecnologia? Tudo! Há uns meses, fui convidado para um bate-papo com os alunos de um curso de ponta de uma universidade que é considerada uma das melhores do país. Cheguei um pouco mais cedo, como de praxe, para conseguir me localizar entre os prédios da instituição e identificar o local onde seria a palestra. Fiquei negativamente impactado com a falta de conservação do local, que me passou uma péssima impressão. Como uma instituição que tem um orçamento de mais de R$ 1 bilhão pode chegar a este ponto?

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Se eu, algum dia, puder dar alguma sugestão ao tenente-coronel Marcos Pontes, nosso futuro ministro de Ciência e Tecnologia, aconselharia a não investir em pesquisa e desenvolvimento em instituições que não cuidam do que é básico, pelos seguintes motivos: se uma universidade não corta a sua grama, tem bancos quebrados e banheiros pichados e sujos, como vai conseguir gerenciar seu orçamento? Não acredito que seja possível, isso é uma questão básica. Universidades, assim como pessoas e outras instituições e organizações, se não conseguem se organizar nas pequenas coisas, não têm a mínima condição de gerenciar as maiores.

*Daniel Leipnitz é presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate)

 

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