A partir do tema ‘marcas’, oito artistas da casa de arte Vila Sete Zero Cinco pretendem refletir como corpos marcados ocupam o mesmo espaço, como dialogam e como a arquitetura do espaço dialoga com a construção dos seres que nele habitam. O material em vídeo com as performances criadas por cada um dos oito artistas será lançado nesta sexta-feira (30), às 20h, no canal do YouTube do grupo.
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Na ocasião, também será possível interagir com os atores pelos comentários da transmissão. Depois da estreia, o vídeo “Marcas” ficará disponível para ser assistido no canal por tempo indeterminado.
As performances foram feitas em espaços da casa de arte e foram gravadas em linguagem contínua, mostrando as performances em sequência. Também é desejo dos idealizadores, após a pandemia, poder fazer o trabalho no formato presencial.
A motivação para produzir as performances partiu dos próprios artistas que, há bastante tempo, desejam trabalhar juntos e dialogar com materiais e linguagens de seus trabalhos.
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— Há anos habitamos o espaço da Vila 705 juntos, cada um desenvolvendo trabalhos em linguagens diferentes ou diferentes formas de fazer a mesma linguagem. Sempre tivemos vontade de trabalhar juntos, mas, com a pandemia, isso se intensificou. Buscamos aqui explorar como nossos corpos marcados estão ocupando esse espaço, estão vivendo sendo artistas com suas marcas no Brasil de 2021 — comenta a atriz Mariana Feitosa.
O projeto “Marcas: performances e espaço” é uma realização da Casa de Arte Vila Sete Zero Cinco e conta com patrocínio da Lei Emergencial Aldir Blanc, através da Fundação Cultural de Itajaí e Prefeitura de Itajaí.

Deixo com vocês uma entrevista com a atriz Mariana Feitosa:
Quando surgiu a ideia do projeto?
Mariana Feitosa: Eu conheci esse texto da Sueli Rolnik em uma oficina on-line que fiz com a atriz e diretora Janaína Leite, durante a pandemia em 2020, e ele me marcou profundamente. A ideia dos corpos que lidam com suas próprias marcas e como são obrigados a tornarem-se novas versões de si para seguir, para mim, diz muito sobre o fazer artístico.
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Em conversas aqui na Vila 705 nas mesas de café e falando de processos, começamos a trocar referências e essa apareceu. Na época a Karma Coletivo ensaiava o espetáculo “dentre”, que estreou mais cedo neste mês, e pesquisava a relação com o corpo e a arquitetura. O ator Marcelo de Souza também começava já a pesquisar a performance que apresenta no Marcas. Então as coisas foram se encaixando. Começamos a conversar sobre o texto, trocar experiências pessoais que nos marcaram e nasceu o projeto.
Como foi o desenvolvimento do projeto?
MF: O desenvolvimento foi muito tranquilo. Fizemos reuniões remotas para conversarmos sobre nosso ponto de partida e fazer algumas (poucas definições). Escolhemos por deixar o processo criativo de cada um muito aberto e delimitamos apenas quais seriam as áreas da casa que cada um trabalharia e qual era nosso tempo máximo para a cena. A partir daí cada um foi criar.
Qual foi o maior desafio para integrar teatro, performance e cinema?
MF: Acho que existiu um desafio que é conceitual e de repertório nosso em dividir essas linguagens, entender o que é próprio de cada coisa e também o que mescla. Essa é uma missão que acredito que não tenhamos dado conta, mas, que, sem dúvidas, abriu desejos de aprofundar trabalhos em performance e em cinema para nós “vileiros”. Fazer algo para o público, para a cena, e para a câmera é muito diferente e, sem dúvidas, foi um desafio.