A sinalização de saída na BR-101 diz: "Armação de Piedade" e "Palmas". São 14km que separam a grande estrada federal de um pequeno relicário para os moradores da Grande Florianópolis: a já bastante conhecida praia de Palmas, no município de Governador Celso Ramos. Mas qual o motivo para tanta admiração por uma localidade?

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Voltando um pouco – ainda no trecho sinuoso entre a BR-101 e Palmas -, cada curva da pequena estrada parece guardar tesouros se olharmos para além das folhagens à direita. Paisagens muito, mas muito bonitas se abrem sem percebermos e se vão num piscar de olhos. Algumas vezes encontra-se alguém engatando a marcha ré do veículo ou outro com o carro parado ao lado da pista para fotografar o que foi visto. Sim, é um caminho abençoado pela natureza.

Mas, retornando à Palmas. Não se vê a praia do asfalto, não tem paisagem esplêndida ao chegar, tampouco tem a formação de uma pequena baía de filmes hollywoodianos. Leia-se: uma praia normal.

Para entender melhor o porquê do desejo de uma parte dos catarinenses pelo local, perguntei à alguns veranistas e a resposta veio uníssona: é uma praia família. A verdade é que Palmas, com suas recentes construções, se transformou em uma espécie de grande condomínio e se percebe isso na areia. Famílias e mais famílias sob guarda-sóis, crianças e mais crianças brincando à beira do mar, sem o "auê" esperado para tal ocasião. Não se escuta música vinda de algum quiosque, assim como não as temos vindas de grupos na faixa de areia. Um ou outro ativam suas caixinhas de som, com timidez. Parece existir limites entre todos, o respeito pelo espaço alheio, tão difícil nos tempos de hoje.

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Outro ponto positivo citado por entrevistados é a limpeza da praia. Placas de sinalização ao longo da via de acesso à Palmas batem nesta tecla o tempo inteiro: "Jogue o lixo nas lixeiras", o que funciona muito bem. Até os guarda-vidas orientam banhistas a não deixar sujeira na praia e o espaço é visivelmente livre de dejetos.

Ainda há um terceiro fator fundamental para que Palmas receba elogios por todos: o turismo organizado. Excursões partem de outras cidades, já engajadas com o processo de funcionamento da praia, o que facilita o cumprimento de certas gentilezas, tais como respeito com a música, limpeza e ausência de barulho à noite. Moradores locais não toleram boates e noitadas no lugar que alguns antigos ainda chamam carinhosamente de vila.

Bernardo Lindenbaum, orientador de atividades, diz que Palmas ganha muito na propaganda boca-a-boca e que o público que a frequenta é cativo. "É espetacular – comentam comigo"- reforça Lindenbaum.

A sensação final supera àquela do início, de uma praia, apenas, normal. Há leveza, alto astral e singularidade no fim do trecho sinuoso que separa a BR-101 do relicário de Governador Celso Ramos.

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