Os técnicos dois atuais seis maiores clubes de Santa Catarina não foram contra a nova regra que limita para apenas uma troca de treinadores no Brasileirão 2021, séries A e B. Muito pelo contrário. Há apoio. Mas há muitas preocupações. 

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A partir deste ano, cada clube das duas principais divisões do futebol nacional vai poder trocar de técnico apenas uma vez durante longas 38 rodadas dos pontos corridos.

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As preocupações vão desde questões financeiras e pagamentos de salários, passam pela necessidade de uma discussão mais ampla, o receio de que as oportunidades para os jovens profissionais diminuam, e até que os clubes achem uma maneira de burlar a nova regra.

Umberto Louzer, da Chapecoense, acredita na mudança

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“É o primeiro passo pra uma mudança. A meu ver o mais importante é a mudança de mentalidade. Que quando você decide contratar um profissional, que você tenha a convicção se de fato esse profissional vai atender a expectativa de como o seu clube quer jogar. Quando se troca muito é ruim para o futebol e para o atleta também, já que no momento que ele está se adaptando a uma nova ideia há um rompimento.”

Jorginho, do Figueirense, é mais radical e chega a sugerir que não haja nenhuma troca

“Eu acho que tinha que ser em todas as divisões. E não precisa ser dois treinadores, não. Um só. Já tá na hora. Isso deveria ser feito por todos os clubes. Deveria pesar o trabalho, a forma do treinador trabalhar. Então eu acredito muito que vá melhorar e vá melhorar também a capacidade dos treinadores. Eu acho que isso que é mais importante. Que ele vai ter que se dedicar. E os atletas também vão parar de pensar que vai cair (o treinador) pra entrar outro.”

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Claudinei Oliveira, do Avaí, tem dúvidas e gostaria de uma discussão mais abrangente

“Esse assunto deveria ter sido debatido mais amplamente. Vamos aguardar se vai dar certo ou não. Vamos ver como vai funcionar na prática. Se somar as 38 rodadas o tanto de trocas que havia no brasileiro… como é que vão suportar os clubes? Hipoteticamente, se a gente dividir o campeonato, seria praticamente um treinador por turno, coisa que a gente sabe que no Brasil é muito pouco provável que aconteça. Tomara que dê certo, que o nosso futebol cresça, mas eu acho que faltou um pouquinho de mais discussão ampla do assunto.”

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Jersinho Testoni, do Brusque, tem o receio que treinadores que estão começando tenham menos oportunidades

“Eu acredito que há algumas coisas a favor e podem aparecer algumas coisas contra também. A favor é porque vai haver um pouco mais de segurança pra trabalhar. Eu vejo negativo que, de repente, como na Série A muda-se pouco os nomes dos treinadores, talvez vá ficar faltando espaço pra quem tá chegando. Pode ficar muito os mesmos nomes, os mais consagrados, e não darem oportunidades pros treinadores que vêm iniciando. Apesar que eu vejo muito o futebol como gestão de grupo, então não adianta ter uma coisa forçada. Se o treinador perder o vestiário, por exemplo, eu não vejo como ele dar continuidade no trabalho dele.”

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Hemerson Maria, do Criciúma, aprova a ideia, mas teme o velho jeitinho brasileiro

“Eu acho que foi uma ótima alternativa encontrada. Os clubes vão ter que ser muito criteriosos na escolha do treinador. Ele vai ter que se adequar a estrutura do clube, a história, ao modelo de jogo, aos atletas, ter uma integração com a comissão técnica. O que acontecia antes é que a margem de erro dos clubes era muito grande. Tinha clubes que terminavam o ano com quatro ou cinco treinadores. Agora vamos torcer que os clubes não encontrem meios de burlar essa nova regra.”

Vinícius Eutrópio, do Joinville, aponta questões salariais como algo a ser aperfeiçoado

“Eu gostei. Agora uma coisa que precisa ser rigorosa, e é bom que se enfatize, é que o treinador tem que receber se ele for demitido. Porque senão se você é demitido na quarta ou quinta rodada é perigoso você não receber o ano inteiro depois. Essa regra é muito bem-vinda junto com a obrigatoriedade do treinador de só assinar a rescisão a partir do consentimento dele, como é na Europa.”

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